Thursday, January 24, 2008

Voa, Meu Coração

Voa, meu coração...

Voa infinito pelo céu bonito.

Abraça as estrelas.

Afaga a lua.

Voa, meu coração...

Voa além dos limites de tudo que sonhamos...

Voa contente com suas velhinhas sorridentes.

De lá de cima, vês melhor o verde das mangas...

Escuta agora os aboios celestes.

Que tenhas nesta paz a alegria que nos destes.

Voa, meu coração...

Voa sereno e escuta os sinos dos anjos.

Te deram em vida tantas virtudes.

O dom do amor.

O dom do perdão.

O dom da humildade.

O dom de amar aos pequeninos.

E assim, seu amor floresceu...

Em fibra, em honestidade, em filhos, em netos, em sonhos, em vida, em flor...

Seu amor derramou-se feito chuva em todos nós.

A mão forte que tantas vezes segurou a enxada, era a mesma mão que fazia um carinho...

Que estendia aos amigos, que acenava esperança, que adulava criança...

Os pés, tantas vezes manchado da terra, caminhava, caminhava, caminhava...

Agora, viraram asas...

Amor de lavrador...

Os pés superavam o trator...

Seu Flores, seu amor foi jardineiro, deu flores em todo tempo pra enfeitar seus janeiros.

Voa, meu coração...

E pousa tranqüilo por entre as rosas e cravos que te sucederam.

Vira beija-flor e rodopia anunciando tua chegada com alegria.

Voa, meu coração...

Segura na mão dos anjos e olha por nós.

Olha pela natureza que tanto conhecia.

Olha pelos pássaros que te acompanhavam na caminhada.

Olha pelas árvores.

Olha pelos bichos e pelas gentes.

Voa, meu coração...

E assobia, daquele jeito que parecia ser a manhã cantarolando.

Voa em paz...

Voa, meu coração.



Para Vô Nenzinho

Alyne Costa

Salvador, 22 de janeiro de 2008

Friday, January 18, 2008

Ao Poeta das Fadinhas

Plugada, Alyne Costa
2003, acrílica sobre tela


E hoje duendes e fadinhas não me acompanharão
Hoje o poeta enlouqueceu e seus versos soltos nada me trazem das velhas canções
São entorpecentes seus desejos
E nada me diz sua voz arrancada a quatro céus
A quatro foices sem martelo
E à fina flor da minha angústia me emudeço
Emudecida, cedo assim, assistindo mansamente as vinte estrelas desta tristeza.

Para Rose setembro de 1991

Tuesday, January 15, 2008

Gente que faz voar....


O Pássaro, R.Godá

Nanquim
Muitas obras deste maravilhoso artista encontram-se no site:
http://www.murilocastro.com.br/expo/expo.php?expo=25
Gente que nos faz voar com os olhos e com o coração.


Lenda do Pégaso

Moraes Moreira

Composição: Jorge Mautner


Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera

Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha

E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo

Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre

E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito um canarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio

Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso

Pégaso ..................
Pega o Azul



Piada

piupiupiu , piriu,piuuuuuuuuuu,

piu, piu, pi

u

pi

u...

.

.

.


Alyne Costa
Salvador, verão de 2008

Saturday, January 05, 2008

A Vida Não Tá no Gibi

Imagem retirada do site: www.memorychips.com.br/Lembra27.htm
vale a pena conferir...



Que confusa é a vida...
Se tudo fosse lápis e borracha, um simples rascunho...
Mas nada é assim!




A vida não cabe no abraço protetor de meu filho.
A vida não cabe num livro inédito.
A vida não é um poema de Arnaldo Antunes.
A vida não é o que é o que é, meu irmão.
A vida é um pedaço de pão.
A vida não paga o preço das minhas dúvidas nem a minha fome de liberdade.
A vida não se pode virar e desvirar pelo avesso.
A vida viaja em paz de ônibus.
A vida pode ser sonhada, recriada e inventada.
A vida rasga num poema de Torga.
A vida bóia na poesia de Bandeira.
A vida não quer ser levada a sério.
A vida não aparece nas manchetes de jornais.
A vida é clandestina, e sorri, menina.
A vida tá na asa do colibri e no canto do bem-te-vi.
A vida cospe na cara.
A vida é obscena.
A vida é cruel.
A vida é fel e mel.
A vida é ciranda e carrocel.
A vida é sushi e sarapatel.
A vida é prazer e carga.
A vida é ré confessa.
A vida não tem CPF, nem RG.
A vida não tem endereço certo.
A vida não tem nada em seu nome.
A vida não declara imposto de renda.
A vida não tá nem aí pra CPMF!
A vida é redonda e quadrada.
A vida é uma canção de amigo.
A vida é um poço e um abrigo.
A vida se veste na noite de estrelas douradas.
A vida se despe de dia, qual prostituta encantada.
A morte, esta não tem jeito.
A mentira, tem lá seus acertos.
Mas a vida...
A vida não tá no gibi!


Alyne Costa
Salvador, janeiro de 2008