Thursday, December 24, 2009

Feliz Ano Bom


Adeus, ano velho com tantos dissabores, dúvidas e lágrimas vãs...
Escorre pelo rio da vida e leva consigo todas as nódoas para que e nem possa me lembrar mais!
Leva consigo os laços rompidos e as torrentes de desilusão.
Os anúncios macabros das manchetes de jornais.
Os falsos comérciais.
A fome, as enxentes, as noites sem lua e os dias sem luz.
Vem, Ano Bom...
Brota em meu peito feito flor sem espinho.
Vem depressa e cantarolando...
Assobia por uma vida mais feliz.
Dobra a página do que já passou e de tudo que não tem remendo.
Assobia uma vida nova, enfim...
Um mundo mais farto e justo.
Um mundo novo, com a santa permissão da esperança.
Te recebo com mãos de fada.
Acendo todas as tochas para que não percas os rumos do bem.
A ti brindo a reconstrução de todos os afetos.
Os trilhos do novo caminho já não são sozinhos.
Vem feito dia ensolarado e qual noite encantada.
Nasce e brilha!
Vem com belas certezas e força de correnteza.
Pula as ondas...
Vem Ano Novo e reitegra, homem e vida.
A ti abro todas as janelas...
Vem com novas cores e em aquarela.
Me acorda com fogos de artifício, para que todas as noites do ano, possas celebrar a vida que flui.
Me faz artesã de uma nova manhã.
Banha o mundo de magia...
Vem Ano Bom, Luz e Alegria.

Alyne Costa
24/12/09

Saturday, December 05, 2009

Devaneios Pof Pof


Existe alguma ternura nos amores à distância, assim como diversas podem ser as formas de amar.
Pro coração poeta, o amor é fonte de onde jorram palavras, devaneios e novas esperanças. É que o poeta não pode sobreviver sem amar. Ou sem sua eterna busca... Ai dos que penam pelo excesso de razão. Dos que não olham pela janela as copas das árvores e não sonham ver nas alamedas tapetes de flores.
Cazuza adorava “um amor inventado”, docemente exagerado... Eu também amo escondido, faço versos melosos, caio no ridículo. Eu danço o amor, eu pinto em telas o amor que não vejo nas novelas.
E ele é muito fácil de amar. Ele é grande e tem a alma confortável. Ele é paciente e leonino. Ele mente com uma suavidade coisas que eu gosto de ouvir. Ele usa uma medalha de Maria de Nazaré. Aquela medalha me deu segurança porque na primeira vez que o vi, tremi de medo... do que poderia sentir.
E ele é tão doce que me deu vontade de amar. Ele não viola, sabe ouvir. Ele está distante. E eu preciso dessa ausência pra não morrer de solidão.
Então eu inventei um sonho: O jogo do Pof Pof. Quando criança eus empre preferi o pula-pula à roda gigante. E sexo com ele, se um dia acontecer, será um Pof Pof.
Ele é desejável e dissimulado. Ele some, ele ri e ele filosófa. Ele tem medo. Ele é humano e músico. Eu sinto vontade de chorar por todos os amores que se foram e pelos que estão por vir.
Talvez seja o frio e o cinza da cidade.
Talvez seja a alma que envelhece e perde a perplexidade.
Eu quero aprender a amar e deixá-lo livre para que ele nunca precise pedir para chegar.
É bem verdade que o jogo do Pof Pof possa nunca acontecer. Mas já me converteu ao abismo dos desejos secretos.
E eu desejo a pele dele, a medalha, a tatuagem, a melancolia, um beijo e o coração.
E enquanto eu espero que ele volte, eu espero a primavera, eu pinto uma tela e fotografo os homens dos tabuleiros de dominó.
Eu espero outubro, mês de Maria.
Eu faço uma novena.
Eu choro.
Eu tento estudar.
Eu procuro um bom emprego.
Eu beijo outras bocas.
Enquanto o coração aprende a amar.


Para meu amigo Luis
Salvador, 16 de julho de 2003