Thursday, June 30, 2011

Amar Tanto e Até Morrer



Onde mora a minha dor?
Habita o meu silêncio e permeia meus sonhos.
Desenha a minha distância nos morros de um caderninho encantado.
A minha letra borda em suas páginas correspondências.
Cartas de amor.
Cartas de despedida.
Cartas de boas vindas.
Algumas lições de esperança capturadas no olhar da menina de tranças.
Onde mora o meu perdão?
Nas flores de maio que nascem na palma de minha mão.
No meu velório e na minha primeira comunhão.
Numa saudade que transborda as veias do coração.
Veias e esquinas.
Veias e alamedas.
Veias e praças repletas de flamboyants.
Onde moram meus vícios?
Na sede de desespero e riscos.
Nas chagas da incompreensão.
No abandono e na solidão.
Na solidariedade e no dividir o pão.
Onde mora o meu amor?
No meu olhar que mareja.
Na alma que inteira viceja.
No corpo que ele beija.
E até numa certa agonia...
Que persegue noite dia...
Este peito de poeta.
Que já não reconhece as setas de ser só e uma só ser.
E, por tristeza ou quebranto, capaz de causar espanto.
Ama tanto e até morrer.

Alyne Costa
30/06/11

Wednesday, June 22, 2011

Na Hora da Tristeza




Tem dias em que a gente amanhece nublada pela nódoa de uma incompreensão qualquer...
Nenhum beija-flor aparece na janela, suas certezas todas se rompem e você se recolhe num cantinho da sua insignificância perante o universo e simplesmente assiste.
Simplesmente é hora de deixar as preocupações irem embora, talvez acordar com os olhos meio fechados, mas ainda assim procurar seu nicho.
Algumas coisas maculam a amizade: incompreensão, preconceito, desrespeito, grosseria, ingratidão, mal entendido, fofoca, intriga, inveja, machismo e um rol imenso que podem trazer sensações de amargura, que trazem aquele gosto de ferrugem na boca e a certeza que seu incômodo é o carimbo da sua diferença.
A fé não morre, nenhuma crença, mas você se vê sem suportes e se depara ante a fragilidade dos laços dessa vida.
Na amizade não cabe disputa porque amizade não é luta.
É muito arriscado brilhar!
Mais arriscado ainda é se calar...
Certo é que divergências sempre existirão, questionamentos, crises e tudo te enriquecem enquanto ser humano, te tornam mais apto, preparado para aprender a ser sempre aquilo que se é.
E assim é a vida. Há dias de puro sol, brincadeira e riso. E se vier ventania, enfrentá-la de peito aberto. Com o vento fresco da liberdade acariciando a face com ternuras.
Mas há dias cheios de cadeados. E você pode observar com calma a diferença alheia, os limites dos que te machucaram, a profundidade das rochas.
Dias de sacrifício, de sumir, se omitir, assumir sua incapacidade perante algumas circunstâncias. Chorar por horas... Ler nas entrelinhas da vida que nem sempre valeu a pena. Que o amor é grande, mas a vida é pequena. Curta demais para tanto amar...
As dores tal como as alegrias foram feitas para serem vividas. Têm seu tempo e seu lugar. Não adianta atravessar a rua e fingir que não viu.
É necessária essa clausura da tristeza pra espantar a torpeza e acordar num outro dia tendo na alma um novo sabor.

Alyne Costa
22/06/11

Monday, June 20, 2011

Brilho das Estrelas



Mora no tremor das minhas mãos um sonho...
Um sonho que assina com o sobrenome de: Esperança.
Do meu sonho não aniquilar nenhum outro sonho humano.
Do meu sonho ter par e ter alguém pra dar passos juntos.
Pelo sereno das madrugadas...
Por deleites entre almofadas...
Por passeatas coloridas.
Onde todos brilhem na sagrada utopia.
Pela qual muitos morreram um dia.
Para que estes muitos sonhos ganhassem as ruas, ganhassem voz.
Marchassem por todas as formas e expressão da Liberdade: Matriz primeira.
Sou poeta e somente compreendo o que o meu amor comporta.
A minha luta de poeta também é revolucionária e não é vã.
Por vezes é uma luta que emudece...
Notras se cala quando pertinente...
Tenho ainda por hábito risos sinceros e lágrimas verdadeiras.
E, assim, consigo ver o brilho de todas as estrelas!

Alyne Costa, 20/06/11
“EU QUERO PODER PRA PODER AMAR!”Tonho Matéria

Wednesday, June 08, 2011

Poema de Mulher



Ai, meu poema sem beirais nem cais
Que mais nem suporta meus ais...
Que é febre quando o corpo ainda não dói.
Que é boca seca de palavras belas.
Meu poema que trancou as janelas.
Para nascer do frio e da escuridão.
Do meu peito torto e de aleijão.
Do sangue que passeia nas veias.
Do copo que escorre das mãos.
Ai, meu poema triste...
Feito da maior dor que existe.
Da histeria e da consagração.
Vai meu poema manco.
Abre o jornal e lê sobre o assalto a banco.
Navega os mares que não existem mais.
Beija princesas.
Honra rainhas.
Mulheres tuas.
Mulheres minhas.
Ai meu poema chulo.
Fala travessuras no escuro.
Diz que ama.
Diz que goza.
Diz que quer.
Ai, meu poema de mulher!

Alyne Costa
6/06/11