Friday, June 28, 2013

Nova Manhã



O meu verso não se veste em solidão
Dança ciranda com tantos outros
Parece ter agora acordado
Mas apenas estava preso a velhos grilhões
Agora berra num desfile cívico
Onde se ouve o grito de seus irmãos
O meu verso não passeia na praça
Não teme ser calado à força
Nem a forca, nem a escravidão
O meu verso sente fome e frio
Pega filas, respeita o sinal
Percorre por grandes avenidas
Mas não está perdido
Paga imposto
E ouve o alarido da multidão
O meu verso é uma criança que brinca
E brinda a esperança de uma nova manhã.

Alyne Costa

29/06/2013

Wednesday, June 12, 2013

Urgência

Nada é mais urgente que o amor.

Alyne Costa, 12/06/13


Thursday, June 06, 2013

Toda Sorte do Mundo

Tenho a cor dos que choram
Dos que se despem, dos que adormecem...
Tenho a voz dos que não gritaram
Ficaram a esmo ou viram pela televisão...
Tenho versos guardados dentro da manga
Com cheiro de frutas maduras e sabor de solidão...
Tenho toda a sorte do mundo:
Alguns pra chamar de amigo.


Alyne Costa 7/06/2013

                                                                          Imagem: Beto Barreiros

Sunday, June 02, 2013

Víbora

Emudeces o grito preso na garganta.
Omites a fêmea que pulsa em minhas veias.
Em vez de louca me faz casta e santa.
Uma estrada reta quando em mim percorrem sinuosas curvas.
Tantos abismos sobre meus ais e beiras.
Uma feiúra me assombra.
Nada me resta da bailarina e atriz.
Sobre a escrivaninha apenas a poeira do tempo, meu alento.
Meus versos emudeceram de tristeza.
A poesia me preenche as tardes fazendo descaso da solidão.
Meus passos outrora trôpegos retornaram firmes.
Sou mulher e comando astronaves coloridas.
Sobrevôo fogueiras e contradições.
Sou o sorriso do sim.
A lágrima do não.
Sou a ponte e o alçapão.
A primavera e o verão.
Sou ainda a velha embriagada.
A bruxa sagrada.
Sou a menina e sua caixa de lápis de cor.
Sou verme, víbora, açoite.
Sou o que fui e onde não vou.


Alyne Costa, 24/01/2013