Friday, May 30, 2014

Outono em Mim


O outono me nubla
Espero cair a madrugada
Tenho medo da morte
E até tenho sorte
Gosto de sorrisos discretos
E o outono me silencia
O vento me acaricia
E eu procuro uma cadeira de balanço
Já não tenho tempo para asperezas
Quero a suavidade do meu roupão
E um sabonete novo
O outono me prende no porão
E fujo na ponta dos pés
Sinto sua presença
Hipertensa
O outono mede minha pressão
E eu sigo
Na contramão

Alyne Costa
29/05/114

Carolina

Antes da madrugada chegar serei outra
Rasgarei a ansiedade e atearei fogo
Lembrarei dos beeija-flores
Com suas mensagens de anjos
Ontem sai na janela
E beijei a flor mais bela
A flor mais bela era Carolina
Uma mulher ainda menina
Com sorriso fonte de luz
E antes da madrugada chegar
Caarolina irá me abraçar
Com suas mãos encantadas
Me narrará um conto de fadas
E cantará a canção mais bela
Com a melodia típica dela
E antes de eu dormir
Caarolina me fará sorrir

Alyne Costa
29/05/14



Bacu Pari


O rio da minha infância virou esgoto
Morreu o Bacu Pari
Com suas lavadeeiras
Com seus meninos pescando piaba
O rio morreu como morrem as lembranças
Sinto frio e tenho medo
Queria ao menos lavar meu pé
E ouvir as cantorias das crianças
Morada da minha alegria
Ouvir a risaria das mulheres
Com suas trouxas de roupas
O Bacu Pari mora na minha memória
Virou encanto
Virou história

Alyne Costa
29/05/14





Wednesday, May 28, 2014

Na Livraria



Não, eu não vou correr do medo
Vou adestrá-lo
Também não vou morrer de ciúme
Vou domá-lo
A minha febre é à tardinha
E uma força bruta fezz nascer este poema
Café
Água com gás
A mulher carrega uma crriança de colo
E guarda um canivete
Quando me vê, sorri
Não veejo graça nenhuma
Fico séria
Miséria
Os miseráveis de todo o mundo
Querem invadir o poema
Os loucos não saabem que hoje é domingo
E não se importam see  amanhã é segunda-feira
Não, eu não vou morrer de fome
Vou salvar a fome num pen-drive.

Alyne Costa
25/05/14

Friday, May 23, 2014

Sereei Sua


Não é hora de ler Clarice
Nem de amamentar bezerros
É hora de refletir
Sobre o que me disse
Queria beijar seus olhos
Tão cheios de luz
É tempo de confissão.
Padre, dá-me um abrigo
Me aponta uma direção
Aquele cheiro de macho
Me invadindo as narinas
Tua boca tão próxima
E eu sem norte
Meio vesga, talvez
Faço uma promessa olhando a lua:
Serei sua!

Alyne Costa
23/05/14