Wednesday, January 25, 2017

Façamos amor, mas façamos arte!




O contato do ser humano com uma obra de arte, faz emergir um novo ser. Ninguém é intangível à arte em suas diversificadas formas de manifestação. Não é vista apenas pelo olhar, mas pelos sentidos, captada, ainda que indiscernível, abre fendas, labaredas em todos que com ela se deparam. Cegos, crianças, fanáticos, “loucos”, “mutilados morais”, se o olho vê a arte, vai além.
Segundo o artista plástico Almandrade: “a arte produz efeitos imprevisíveis e é preciso entende-la sem descreve-la”. E quem se atreveria a equacionar o seu alcance? A obra de arte transbora a pré-intenção do artista, reflete no espectador, transformando-o num homem novo. Quantas vezes não mudamos, não alteramos as nossas perspectivas perante relacionamentos e fatos após ouvirmos uma canção? E a mesma canção pode nos trazer leituras diferentes acerca da mesma realidade.
Não pretendendo adentrar no “mito da incompreensibilidade” da arte e sim a necessidade de utiliza-la como fato social propulsor de uma nova ordem: Se o homem muda com a arte, esta transforma o mundo!
O mundo moderno e suas neuroses tem na arte a sua mais sadia forma de profilaxia. Todos nós precisamos de angústias, crises existenciais, temores e fobias. Precisamos tanto que às vezes criamos problemas onde não existem. Precisamos de uma certa dose de loucura para que a vida não se torne morna ou sem sentido. Sem sofrimento qual paixão humana nos afundaria para que aprendêssemos a voltar à superfície novos, experientes, mais ternos e mais humanos?
Assim, amados, consumam menos drogas e mais arte!
“Poetas, seresteiros, cancioneiros, ouvis...”
A arte é a veia aberta da verdadeira revolução. E o artista? É todo aquele que aprendeu que a criatividade, da Ecologia à Bio-Medicina é a grande “sacada” para a nossa convivência “sustentável”.
Segundo Miguel Torga: “De quantos ofícios há no mundo, o mais belo e o mais trágico é o de criar arte. É ele o único onde um dia não pode ser igual ao que passou. O artista tem uma condenação. E o dom de nunca poder automatizar a mão, o gosto, a enxada. Quando deixar de descobrir, de sofrer a dúvida, de caminhar na incerteza e no desespero, está perdido.”
Assim, somos neuróticos, desesperados, sedentos de coisas novas, apavorados, inseguros, mas duvidamos. Sim, duvidamos! E alguém se lembra de que mesmo a dúvida é o preço?
Portanto, amados, não somos canhões, somos canários...
E façamos carinhos com nossos cantos, façamos amor com a intensidade dos nossos desejos, mas façamos arte com nosso suor!

           Beijos na alma.
           Alyne R. N. Costa
          Brumado, 4 de maio de 2006

Monday, January 23, 2017

Ah, a vida e suas vicissitudes.Há aquela idéia que não devemos fazer com os outros aquilo que não queremos para nós mesmos.
Mas sábado me veio uma luz ante uma situação que está me deixando extremamente instável emocionalmente, é querer ajudar e não ter como. Então, deduzi que também a gente não deve desejar a nós mesmos o que não queremos para o outro
Até ajudar tem um limite, e, como disse minha amada Iramaia: "É como emprestar dinheiro a alguém, devendo R$5.000 ao banco.
Existe em mim muito da formação jesuíta, aquela religiosidade de nunca dizer não, oferecer a outra face.
Mas a vida, as pessoas não são brincadeira, muitas vezes são invasivas, caras de pau, maldosas e nós mesmos quantas vezes também não somos assim?
Devemos e é urgente primeiro perdoar a nós mesmos e depois perdoar o outro. E como disse Drummond: "Não, meu coração não é maior que o mundo, nele não cabem nem as minhas dores".

Alyne Roberta Neves Costa, 23/01/17

Sunday, January 22, 2017

O cotidiano nos traz surpresas. E, se tivermos, olhos atentos, veremos que a vida é saborosa...
Ai você lembra aquela musiquinha do Titãs: "É preciso saber viver."
Ontem no início da noite eu fui tomar um sorvete, baby. Acho que há uns trinta anos, tomo o mesmo sabor de sorvete, crocante, brigadeiro e cobertura de chocolate. Algumas coisas consagramos em nossas vidas. E esse sabor de sorvete pode bem ser o sabor da minha adolescência, daquele tempo que eu era tímida e tinha vergonha do meu cabelo.
De repente, quando o sorvete já havia acabado surge uma senhora muito simpática com uma bela menininha. Pà, olhei e reconheci e perguntei:
-A senhora é a Professora Graça Belov?
Ela confirmou e eu prossegui.
-Eu sou sua fã. Infelizmente não fui sua aluna, mas em certa ocasião assisti uma entrevista sua na TVE e me emocionei. A senhora usou a seguinte frase: "O direito é uma erva daninha!" E aquela frase me tocou profundamente porque de fato o Direito é uma erva daninha. Ele se esparrama.
Ela sorriu e eu me apresentei. Disse o que fazia e ela achou uma gracinha.
Depois perguntei se a linda menina que a acompanhava era sua neta, ela, depois de acrescentar que já tinha neta casada, disse que era a neta caçula.
Eu senti uma felicidade imensa em declarar aquele sentimento que nutria por ela. Porque eu sou assim um poço de sentimentos e a vida, as complicações, o leque de relações as vezes nos inibe, nos murcha e nós não nos proporcionamos o sentimento de bem estar que pode advir da magia do cotidiano.
Podia ser só um início de noite e um sorvete, mas foi bem mais que isso.
Foi a lembrança que o "Direito é uma erva daninha".
Foi ouvir a netinha dizendo, depois que eu já havia me despedido:
"-Minha avó! Ela é sua fã!"

Alyne Costa, 22/01/17