Idioma
Ontem sonhei que Nova York ouvia tango
Que cantores palestinos dançavam rumba
Que no Saara não haviam tâmaras e sim amêndoas
Que todas as pessoas se entendiam e bailavam como os ciganos
Mandei preparar um vestido dourado
Um espelho encantado
Como numa fábula
Vi crianças darem as mãos
Vi travestis distribuindo rosas vermelhas
Vi pretos velhos fumando cachimbo
E Dolores me amamentando
A minha bandeira era um arco-íris
E tremulava num céu azul de outono
Ouvi rouxinóis cantando
Poetas profetizando
E loucos se amando
No meu sonho não haviam cárceres nem manicômios
E a minha roupa clareava a noite que chegava carregada de estrelas cadentes
E, na cadência de um samba, Nanã acalantava o mundo
As freeiras oravam com terços cristalinos
Os pastores pregavam um tango argentino
O Doutor chorava sua lágrima de menino
E não havia nenhum átimo de dívida ou credor
Ontem eu sonhei que o mundo
Falava o idioma do amor.
Alyne Costa 27/04/17
Onde mora a minha dor?
Habita o meu silêncio e permeia meus sonhos.
Desenha a minha distância nos morros de um caderninho encantado.
A minha letra borda em suas páginas correspondências.
Cartas de amor.
Cartas de despedida.
Cartas de boas vindas.
Algumas lições de esperança capturadas no olhar da menina de tranças.
Onde mora o meu perdão?
Nas flores de maio que nascem na palma de minha mão.
No meu velório e na minha primeira comunhão.
Numa saudade que transborda as veias do coração.
Veias e esquinas.
Veias e alamedas.
Veias e praças repletas de flamboyants.
Onde moram meus vícios?
Na sede de desespero e riscos.
Nas chagas da incompreensão.
No abandono e na solidão.
Na solidariedade e no dividir o pão.
Onde mora o meu amor?
No meu olhar que mareja.
Na alma que inteira viceja.
No corpo que ele beija.
E até numa certa agonia...
Que persegue noite dia...
Este peito de poeta.
Que já não reconhece as setas de ser só e uma só ser.
E, por tristeza ou quebranto, capaz de causar espanto.
Ama tanto e até morrer.
Habita o meu silêncio e permeia meus sonhos.
Desenha a minha distância nos morros de um caderninho encantado.
A minha letra borda em suas páginas correspondências.
Cartas de amor.
Cartas de despedida.
Cartas de boas vindas.
Algumas lições de esperança capturadas no olhar da menina de tranças.
Onde mora o meu perdão?
Nas flores de maio que nascem na palma de minha mão.
No meu velório e na minha primeira comunhão.
Numa saudade que transborda as veias do coração.
Veias e esquinas.
Veias e alamedas.
Veias e praças repletas de flamboyants.
Onde moram meus vícios?
Na sede de desespero e riscos.
Nas chagas da incompreensão.
No abandono e na solidão.
Na solidariedade e no dividir o pão.
Onde mora o meu amor?
No meu olhar que mareja.
Na alma que inteira viceja.
No corpo que ele beija.
E até numa certa agonia...
Que persegue noite dia...
Este peito de poeta.
Que já não reconhece as setas de ser só e uma só ser.
E, por tristeza ou quebranto, capaz de causar espanto.
Ama tanto e até morrer.
Alyne Costa
30/06/11
30/06/11