Fim de ano de todo ano
Todo fim de ano me visita uma aflição, muita angústia e um
certo medo de não me conter em mim.
Nessas horas luzidias em que tudo é tomado por um certo
exagero, um desequilíbrio e um pouco de tristeza, por isso, me afasta e às
vezes até pareço esquisita.
É que gosto mesmo é de ver na dimensão do isolamento essas
luzes que parecem enfeitar o céu.
Gosto de estar à parte para me entregar às lembranças das
coisas que não mais existem...
Gosto de, na minha solidão, de mãe de um filho unigênito,
reviver a saudade dos meus amores que já partiram e de um tempo que a minha
inocência era sede de sabedoria.
A solidão às vezes se faz necessária para que nos
encontremos em nós mesmos e, arrumando as gavetas da alma, talvez brotes flor
de esperança na contradança da vida que insiste a renascer a cada dia na forma
de um sorriso novo e cheio de ternura como quem achou em alguma gaveta
camisolinhas de menino pagão.
Alyne Costa, 23/12/24
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