Sobre as dobras do blusão

Hoje cedo, meu velho e querido compa Marivaldo (mais querido do que velho) me mandou uma canção de Ednardo que eu adoro e logo em seguida entrou na playlist canções do Belchior e eu fiquei pensando, nada mais latejante na alma do que as canções de Belchior.

Na canção Coração Selvagem ele diz: “Quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar que é pra eu ter tempo de me apaixonar.”

Isso é tão eu, tão recomendável e sublime, eu não deveria estar mais apta a paixões, sentimento para alguns etaristas muito juvenil, mas a paixão, que segundo Belchior mora na Filosofia é um sentimento que me move e me transmuta, me traz significados e êxtases. Eu preciso de paixões para meu estar melhor no mundo, para acelerar a minha criatividade...

E você pode se apaixonar várias vezes e até pela mesma pessoa várias vezes, o amor é mais leve e mais tênue, mas a paixão, ah, nada melhor que a paixão para nos tornarmos locomotivas na vida.

Por isso eu sugiro (ah palavrinha mais irresponsável) que a minha nova paixão não se choque se às vezes eu for ríspida, se de repente soltar um palavrão sem querer, se for ao mesmo tempo muito engraçada e depressiva, eu peço a minha futura paixão que tenha autenticidade e que me beije, me toque com a delicadeza de um pássaro voando longe do bando, que me corrija sutilmente para me ajudar na minha missão espiritual nesse planeta e que me envie canções como se estivesse distante sempre.

Eu sugiro ainda que não me ordene, que seja delicado ao tocar meu coração, frágil como o do Belchior e que me conceda tempo para me apaixonar e que, suavemente como incenso de jasmim, mantenha acesa a chama da paixão para que eu nunca me esqueça das tantas pessoas que amo e que precisam desse amor.

 

Alyne Costa, 27/10/2025

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