Amália, Dilma e a Janela

Tava cansada de olhar para aquela janela. Aquela mulher pálida e aquela cicatriz q eu via à distância e minhas brincadeiras de adivinhações. O que foi isto? O que terá sido? Acidente? Facada? Assalto? Marido ciumento? Amante do marido? E ela lá... Devia ter também seu enredo para minha vida. Devia saber de cor as cores das minhas calçolas. Minhas intimidades todas. Se assistisse novela, capaz de ter um imaginário bem fértil que lhe desse asas de me achar qualquer coisa: puta, sapatão, maconheira, traficante, e bota coisa no imaginário dela! O adesivo de Dilma na janela me denunciava. Deve já ter feito três abortos. Ainda lembro o dia que me viu voltar da missa e o olhar escandalizado: -Na missa?!?! -Sim, na missa, lá na capela... Olhou-me fixamente e deslizou os olhos pela vestimenta de meu companheiro, como se ganhando fôlego para, enfim, afirmar: -Padre Napoleão não gosta da Dilma! -É, eu sei, mas Jesus gosta! Olhou, meio tensa, procurando conversa pra puxar e eu doida pra saber da c...