Monday, October 23, 2023

 

Se te quero

 

Sou fêmea feita de urgências e segredos

Talvez um cofre num oceano de medos

Sou fêmea e sem paciência...

Se espero é porque amo desafios e nocautes

As primeveras são vésperas de verões

O sol acende fogueiras e corações

Cavalos marinhos invadem meu ser

Todo efervescente de você

Sou fêmea e não acumulo

Nem angústias e nem dúvidas

Sempre na corda bamba do destino

Em busca do que não conheço, por vezes entristeço

Mas, se te quero, espero...

 

Alyne Costa, 23-10-2023

 

Tuesday, October 17, 2023

 

Labuá

 

Desculpa, Adélia, minha mãe me falou de amor.

Falava quando preparava as minhas fantasias de carnaval.

Quando me arrumava para as festinhas da escola.

Também quando me cobrava estudo.

Me deu algumas surras, mas pé de galinha não mata pinto.

Me falou de amor muitas vezes e de diferentes maneiras.

Eu que, com minha rebeldia, não entendia.

Eu que, a rigor, a rigor, sempre fui labuá.

Só me arrumo quando dá na telha de me arrumar.

E, confesso a você, me falou de amor de uma maneira tão sua.

Única e engraçada.

Minha mãe me falou de amor, a coisa mais importante do mundo.

Palavra que no fundo dá o sentido da vida que ela me deu.

 

Alyne Costa, 17/10/2023

 

Saturday, October 07, 2023

 

Flor Mulher

Algumas pessoas possuem em seu coração um reino de ternura, são poetas de nascença, independente de crença e saem costurando na vida seus tapetes de carinho.

Um amigo me ensinou que “poeta é quem cria”, cria afeto, cria alegria, horta, bichinho ou poesia.

Algumas pessoas nascem poetas por colocarem amor em poções de tudo que fazem, transformam a vida em sonho, bolinho de chocolate e, assim, comida vira arte.

Algumas pessoas trazem em si a poeira da inspiração e vão bordando seus dias como fadas de estimação.

E nesse bordado infinito que alguma criança atrevida pode chamar de vida costróem nos corações mais aflitos um ninho de bem me quer, nascem flores em forma de mulher.

Alyne Costa, 07/10/2023 para Dona Sônia Mattos

Sunday, October 01, 2023


A Peleja e o Puxadinho

 

Deus um dia se zangou com a justiça dos homens

Que de vez quando assombra muito mais que lobisomem

E declarou por decreto, transcrito por algum médium

Que um dia se vingaria a começar por um prédio

O coitadinho é antigo e cheio de infiltração

Além de tudo há inseto por toda tubulação

Cupim, barata, mosquito e até escorpião

É azulejo rachado, cimento no marmorite

Interfone que não toca ou toca além do limite

Portão que quebra e requebra, terraço mal-amanhado

Zeladora sem direito e artista estabanado

É caixa d’água rachada e idoso desrespeitado

Pra azar do pobrezinho (Bell Marques não leve a mal!)

Achou de ficar situado no circuito do carnaval

Tem militar que achando pouco a bagatela do soldo

Subloca todo ano, sabendo guardar o troco

Eu agora acendo uma vela pra N. Sra. Auxiliadora

Pois vou falar um pouquinho da empresa administradora

Ninguém vai saber ao certo quem teve a ideia da lora

De colocar num predinho de 4 andares e 13 apartamentos

Sem garagem e nenhum elevador, só pobreza e sofrimento

Uma empresa pra “cuidar”, somente de segunda a sexta

Do pobrezinho do prédio, com multas e taxa extra

Deus tava era muito zangado, virado na mulesta

E resolveu de uma vez liberar uma peleja

E apesar da empresa ter fixado na mureta

Que quando tudo passar todos iriam de abraçar

O que veio foi contenda, fofoca e confusão

E haja dose de rivotril para cada reunião

Quem escreveu não indico, já tem novo candidato

O dono do puxadinho cheio de balacubaco

Deus então achou pouco o castigo dado ao grupo

Solicitou a São Genaro um grupo de whatsapp

E eu até tenho medo de virar carnificina

Porque esse grupo parece correio da Carmesina

E Deus mandou avisar que só acaba a peleja

Quando tirarem a Princesa já com pena da menina

 e colocar na gestão o Hospício Leopoldina.

Autor Desconhecido