Sunday, June 25, 2023

 Me vens com vinho e Neruda

Te dou Adélia Prado e Arruda


Alyne Costa, 15/06/23

Friday, June 23, 2023

 

As Fogueiras do Meu Avô

As fogueiras do meu Avô, aquelas que ele acendia, com suas mãos grandes e grossas não existem mais, porém nunca apagarão suas chamas.

Ele separava o pedaço de lenha que na manhã seguinte viraria o tição daqueles em que se assa milho e batata e acendia, num ritual que só a ele pertencia, nenhum filho, neto ou amigo lhe roubava essa tradição.

Nos anos de muita dificuldade, por vezes, não tinha fogueira e à meninada fascinada naqueles fogos de artifício que, certamente, só traziam benefício, corria pras fogueiras vizinhas e Ele chamava Vó e ia cumprindo a tradição: de casa em casa e assim, reciprocamente. Lembro de uma iguaria sem igual, o arroz doce de Ivone, ainda no tempo do Finado Loro, uma das coisas mais gostosas que já provei.

Apagou-se, na velhice a chama da fogueira da vida de meu Avô e lá se foi meu coração pelejar em outras plegas, conhecer as fogueiras da Chapada, lá se foi meu encanto por essa noite que ainda aquece meu peito de saudade porque é noite de festa, mas eu prefiro sentir saudade e quem disse quee saudade, não nos traz ao menos na lembrança uma esperança que tem que tiquinho de felicidade?

“Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo?”

Alyne Costa, 23/06/2023

 

Thursday, June 22, 2023

Noite de São João

 

“Olha pro céu, meu amor.”

De todas as noites, a mais linda

Há algo que aquece e aproxima

No céu nunca triste, toda lembrança resiste

Fogueiras e estrelas e toda delícia que existe

Uma sanfona embala o coração

Uma alegria em forma de paixão

Bandeirolas meninas enfeitam o que se chama vida

De uma noite eterna de São João.

 

Alyne Costa, 23/06/23

Thursday, June 08, 2023

Mais Uma de Inverno

 

Ternurinha de inverno é pão na chapa quente

Torrada no azeite por puro deleite

Um incenso de sândalo e arruda de enfeite

Pra que não vingue qualquer mal querença

E saravá de virose, gripe ou fibrose

Que os chás sejam curadores com encantos

Que os sinos ressoem e levem quebrantos

Ternurinha de inverno é pão com geléia

Trago em charuto pra agradar caboclo

Uma colcha macia e um chinelo roto

Beijo na boca do garoto maroto

Filme de Woody e muito café

Na sala de espera uma quimera qualquer

Rever amigos, criar abrigos e ter prudência

Dizem que o mundo anda: Polarizado.

Acho que algum coisa ruim botou foi mau olhado.

E se não tiver jeito, stentes no peito.

Ternurinha de inverno tem sopa e manjericão.

E, alguma poesia, na palma da mão.

 

Alyne Costa, 8/06/23

 

Tuesday, June 06, 2023

 

Poetas Anônimos

 

Quando as horas acabam imensas

E os rios cansam

E um frio perfura a alma de esperança

Restaremos despidos e cantando

A chuva que cai sonhando

Já não tem qualquer tradução

Somos mambembes e saltimbancos sem tamancos

Os dias frios são plenos de recordações

Releio ávidas as placas de interrogação

A minha loucura mora assombrada na sua graça

E os meus pés frios pedem cochilos de ternura

No rádio eu ouço Sinônimos

E choro por todos os poetas anônimos.

 

Alyne Costa, 06/06/23