Tuesday, January 24, 2023

 

A calçada da fama...

Que baiano é presepeiro não há dúvidas, mas não é assim de qualquer jeito, a presepada tem que ter requinte...

Por exemplo, parece que a música foi feita pra gente e dois anos de abstinência de carnaval subiu pra cabeça de todo mundo e agora no verão, oxi, carnaval já começou faz tempo, vu?

Tá todo mundo em pleno carnaval, ou se sentindo, ou se achando e isso vai de mamando a caducando. Se der uma volta na Barra você escuta a babel, vááários idiomas, todos bem vindos, é claro... Eles ajudam e muito, tanto no consumo de bens e serviços quanto no aluguel por temporada. Aqui no prédio eu estou cheia de vizinhos novos, já no dia 31 quando ia ao mercado encontrei duas moças e um rapaz na casa dos seus vinte e poucos anos esperando o portão ser aberto para, purucutuf, adentrar o prédio e eu de bom dia, boa tarde, boa noite, nem sempre nessa ordem, obviamente...

A prefeitura desde 2022 vem trabalhando nas calçadas desde lá de cima, do Largo  e veio descendo a rua, até a delicatessem famosa não escapou, e eu pensava: Eita que quando chegar lá vai render! E não deu outra!

A bendita da ladeira é a via preferida dos que vem do centro pra Barra e já teve até arrastão num carnaval ai, e lá vem os pedreiros pra nossa humilde calçadinha, só que quem de direito não avisou aos mais sensíveis e, se avisou a alguém, se alguém vai ter quer arcar com alguma irregularidade também pianinho...

Ontem encontrei um vizinho na calçada da fama que me destrinchou a história num breve relato, mas, enfim, a calçada da fama ficou até bonitinha, não sei até quando, mas ficou, e eu que não tenho pra onde ir carnaval, não sou peru pra morrer de véspera, “com dinheiro ou sem dinheiro, eu me viro em fevereiro, fevereiro... Fevereiro...” Ai que saudade do Guetho!

Alyne Costa, 24/01/23

 

 

Friday, January 06, 2023

 

Indelicada, porém honesta.

Repararam bem que a vida moderna está repleta de indelicadezas? Num pequeno delírio parece que a humanidade colocou um chip depois dessa pandemia.

O egoísmo se tornou mais egoísta e a vida se gasta com pequenas insinceridades cotidianas. A vida está difícil, sim, complicado lidar com pessoas que fazem você acreditar nelas e só nelas porque o outro não tem importância.

Não é caso a ser estudado, é a realidade, é fato. Há um provérbio chinês que diz “não há que ser duro, há que ser flexível”.

Felizmente minha flexibilidade (até hoje) tem garantido a minha sobrevivência. Ouço de Pitty a Odair José e juro que não estou esperando alguém para ficar comigo, mas pra me tirar desse lugar!

Aprendi a não esperar mais nada. E minha paciência está no limite. Salvador virou uma selva e o Porto da Barra não é nada seguro, mas muito mais gostoso que as praias de Trancoso.

Tá é tempo novo, Lula voltou, mas como se curar quando o país está adoecido? De cabo a rabo. Há salvação! Na tentativa de evitar que meu cachorro atacasse uma vizinha bati a porta e esqueci a chave dentro. Minha vizinha de baixo me acolheu com meu cachorro e pagou o chaveiro.

Consegui adentrar em casa, tudo certo na Bahia, mas como diz meu filho, ninguém come poesia.

Foco, preciso de foco, fé e coragem. Eu já botei fé na rapaziada, hj só dá pra acreditar numa parcela da juventude. A que estuda, a que pensa, se move e se comove. Não dá pra botar fé nem mesmo na minha geração se alguns persistem com o mesmo modus operandi: fé cega, língua afiada.

A vida dos outros pode até ser interessante, mas viver a sua (garanto!) e em off é muito mais gostoso porque a maledicência é um veneno espiritual e você não é a cigana Sandra Rosa Madalena de Magal.

E os bancos continuam os mesmos, a falta de praticidade e criatividade das pessoas assusta, e a novela previsivelmente entediante segue como uma nau sem rumo! Coitado do irmão coragem.

Vou tomar um banho, bloquear um infeliz aqui no Instagram porque eu não joguei pedra na cruz e cuidar da vida.

“Para curar um amor platônico, só uma trepada homérica.” Leminski

Alyne Costa, 06/01/22