Tuesday, May 31, 2022

O que mais além de um Deus?

 Quando o Meu Coração Se Tocou

 

Primeiro foi Mariana e Brumadinho

Mas eu não me abalei porque não tinha Urânio

Depois foi o frio nas ruas de Sampa

Mas eu também não me abalei por ter agasalho às pampas

Veio o Padre Lancellot, a Santificação de Irmã Dulce

Mas eu também mandei às favas por em nada acreditar

Depois surgiram os ataques e a intolerância religiosa 

Mas eu também não me importei

Finalmente eu  percebi que as pessoas haviam se transmutado em senhas

E não havia nada que eu podia fazer, além de entregar tudo a Deus!

Alyne Costa 31/05/22

Monday, May 30, 2022

O Frescão e o Litoral Norte

Naqueles tempos “frescão” já era uma palavra ambígua, mas, como eu não quero arrumar confusão, vou deixar claro que estou me referindo ao buzú com ar condicionado que circulava pela Salvadorcity, lá nos fins da década de 80 e início de 90, nada contra os frescões, jovens ou não, resta claro!

Matemático que o “frescão” não tinha um valor nada fresco e só passava em locais pra “inglês” ver, mas eu tinha alguns amigos de linhagem nobre, que me permitiam, vez por outra, ir dar um passeio pelo “frescão”.

Podíamos ir nessa viagem classe “A” ao aeroporto, Iguatemi (o atual Shopping da Bahia), Praça da Sé ver o Elevador Lacerda. Naqueles tempos o Pelô ainda era o Pelô, o Olodum ainda não era Olodum e o Pelô, ai aiai ai, tá tudo certo na Bahia, apesar de chuva todo dia...

Aí a vantagem do “Frescão” era que além de ter poltronas confortáveis, ar condicionado, passava pela orla, ainda cheia de coqueiros, não reclamávamos da viagem que durava um século justamente por essa paisagem que só Salvador tem.

Ah, isso, a vida é passageira, e não se fazem mais frescões como antigamente, pois é. Agora a coisa entre uma “boiolagem” e outra, vai é de metrô, por exemplo, um brother meu das antigas adora o pessoal da segurança, hehe...

Eu não vou reclamar porque eu também gosto de um metrô, com ar condicionado e segurança, olha só enquanto o Harmonia canta aqui “tira a mão do bolso” hah, eu tô me lembrando de como chegar ao Litoral Norte, quando a Linha Verde não existia e o “buzú” passava por Monte Gordo e vixe, pra chegar em Itacimirim, meu irmão, era uma novela, o buzú literalmente “quebrava e sambava” e a gente ia na maior felicidade da vida, dividindo o “buzú” com galinha, baiana de acarajé. Pescador e tava tudo muito bem.

Coisa da Bahia, que só se vê por aqui.

Mas, eita, viajei mesmo, na maior harmonia, nesse calor, matei dois coelhos numa cajadada só!

Alyne Costa, 30-05-22

 

A Inédita


 Eu queria estar agora...

Na Floresta Amazônica...

Tomando uma coca cola...

Ou talvez uma água tônica!


Alyne Costa 30-05-22

Sunday, May 22, 2022

Davi e os Anjos

 Era uma vez, vejam vocês, um pequenino menino chamado Davi.

Davi cantava, dançava, pulava e corria. Corria daqui e pulava dali! Cantava de lá e dançava de cá! Davi era alegre em todo lugar!

Três anjos muito fortes e elegantes olhavam sempre por Davi, a tristeza nunca chegava por ali.

Davi conhecia a história de Maria a mãe de Jesus e cantava para que nenhum homem sentisse o peso da cruz.

E lá se ia Davi a cantar: Avéa, Véa, Fé, Maria!

E o mundo de Davi com seus três Anjos era só alegria. Anjo de curar dodói, Anjo de dar comidinha à criança pobrezinha e Anjo de desenhar a pintinha da Dindinha!

E todo Davi é gigante não importa a religião e Davi ensinava que para aprender a grande lição, a gente tem que dar a mão, amor, calor, abrigo e proteção.

Entrou na asa de São Miguel, saiu na asa de São Rafael, o Rei Davi mandou avisar que a barata não tem sete saias de filó pois é mentira da barata: Ela tem é uma só.

Alyne Costa, 22/05/22

Monday, May 16, 2022

Beleza Rara


 

Olhos de mel ou turquesa?

Aonde brilha a tarde o sol da meia noite?

Em ti fez habitat toda beleza...

E em meu peito febril mora o açoite...

 

Em que idioma traduz seu amor?

Quantos tostões custam meus sofrer?

Sua amplidão me remove a dor.

Meus olhos só são olhos pra te ver.

 

Turca ou síria, rara é tua beleza. 

Canta e baila sobre meu temor.

Meu caminhar é realeza e roga amor.


Feito menino sem caderneta de papel e sina.

Desatino a fitar-te e meu eu quase desatina.

Que meu verso não tem cor nem te alucina.


Alyne Costa, 16/05/22

 

Wednesday, May 11, 2022

Amanhecida

 Em mim moram muito mais que vendavais

Sou uma cascata orvalhada dos lírios brancos que me esperavam na esquina

Um patinete movido à gasolina

Na trança colorida da menina que pulou a mina

Sou fonte, árvore, brisa, canção

Sou verbo, flor, forte, fonte

Uma canção no coração do ateu

Da flor:

Um novo horizonte.

Alyne Costa, 11/05/2022

Thursday, May 05, 2022

Ponto de Partida


 

Era uma vez dois menininhos iguaizinhos, Pedrinho e Luquinhas. A única diferença estava no coraçãozinho: o de um mais molinho, o de outro mais durinho, um brincava de índio e o outro, de soldadinho.

Estudavam brincando, cantando, dançando e o pião rodando. Adulto não é capaz de botar o pião no chão, oi lá vai, lá vai, lá vai, lá vai o botijão no chão.

Acontece que na escola desses menininhos havia vários brinquedinhos: totó, dominó, peteca e boneca.

Tanta boneca: Gigi, Gege, Jojo e Juju, Sissi, Suzy, Barbie e ela que morava numa ilha: Emília, Emília, Emília!

Mas Emília, era outra estrutura: Nasceu de uma caixa de costura: Oh, como no ponto de partida a vida do adulto é dura!

Acontece que na escolinha de Pedrinho e Luquinhas havia algo de cortar o coração, dois meninos legais que eram chamados de “Lerdão” e “Patetão”.

Eles só tinham como amiga uma menininha fofinha e um menino menor e “Lerdão” namorava uma batatinha de cabelo igual cenourinha e muito comilona e PLOFT: Peidona.

Pedrinho chamou Luquinhas e falou: Isso não pode acontecer vamos pedir aos Súper Iguais para coisas assim não acontecerem nunca mais.

Entrou no bico do gavião saiu no bico faisão: Toda criança merece ser tratada com o coração.

Alyne Costa, 05/05/2022