Thursday, April 28, 2022

Aurora, a Menina que não conhecia o Zé Gotinha

 Aurora é uma linda menininha de rosto redondo feito bolachinha.

A bela menininha, com olhos de gatinha, adora desenhar com todas as cores e chupar bala de todos os sabores, dos mais coloridos aos mais deliciosos sabores.

A Avó de Aurora que ama muito a menininha lhe deu de presente uma ratinha de roupa pretinha e vermelhinha e Aurora achou uma gracinha.

Mas a Avó de Aurora ficavz muito zangada e chateada e pensava em lhe dar uma bela palmada: Muita bala, o dente estraga!

Um belo dia Aurora falou:

-Eu quero colorir, mas o mundo não tem cor, eu estou meio doente. Não estão vendo gente?

Levaram aurora para o Hospital onde Aurora que estava muito doente foi apresentada a um boneco sorridente, uma gracinha: O Zé Gotinha!

Todos ficaram felizes para sempre pois dia após dia, Aurora era vacinada e o chefão da história quanta doçura: O Zé Gotinha, o rei do país da gente, da criança vacinada e contente.

Entrou na ponta da língua, saiu no bico da seringa, o rei mandou dizer que parasse de mandinga e que a avó de Aurora estava cheia de razão e, corojosa falava pra toda gente: Viva o SUS! Atenção, eleição, vamos minha gente votar consciente!

Saturday, April 23, 2022

O Circular e o Passe escolar

 

O Circular e o Passe Escolar

O primeiro circular de Salvador surgiu aproximadamente por volta de 1982/83, saía do Campo Grande para a Praça da Sé e vice versa, a Estação da Lapa estava em fase de acabamento, mas a Ipitanga estava lá firme e forte levando todo mundo para Brotas. Aonnnnnde que Brotas ia ficar de fora?

E, foi mais ou menos nessa época que surgiu o passe escolar, vinham em cartelas e eram destacáveis o que facilitava enormemente a sua função ambígua, ou seja, não servia apenas para pagar o buzú, rolava roleto de cana, algodão doce e ameduins (torrado ou cozido).

Naqueles idos era uma viagem longa sair do Garcia pro Campo Grande e pegar o circular pra saltar na Lapa e da Lapa pegar outro pra chegar lá na Cruz da Redenção. Muita fome, muito sono, muita sede, muito enjôo... E a Ipitanga estava lá com seu ônibus laranjão de letras pretas: IPITANGA.

O circular era branquinho com detalhes azul e vermelho. Nessa época em que já saíamos sozinhas da escola íamos em bando e sempre passando dicas para fugir dos assaltos e assédios (dos mais leves às mais absurdos), por exemplo se a calçada estava estreita, era melhor não ficar escondida entre a calçada e os automóveis cujos proprietários, temerosos de danos, estacionavam na calçada e o trânsito fluía louco. Tinham os guardas de trânsito, mas eram uns muito bonzinhos e educados, essas malditas cartelas nem sonhavam em aparecer (malditas ou benditas? Sei lá, viu?).

Foi bem nessa época que Ritchie que havia estrondado nacionalmente com “Menina Veneno”, lançou aquela música : “Você passou num circular pela praia do Leblon...”.

Leblon? Não. Era Doceria Nubar no Campo Grande, Primavera e Savoy lá na altura do Relógio de São Pedro.

Inesquecível e insubstituível salada de frutas da Savoy.

Na verdade o passe escolar surgiu primeiro que o vale transporte, tenho quaaase certeza! Mas os dois tiveram o mesmo destino: Seu objeto não era o contrato celebrado ao rolar a borboleta, mesmo porque, quem nunca deu uma traseira que atire o primeiro Miguelito.

Alyne Costa, 23/04/22

 

 

Thursday, April 21, 2022

 Os Irmãos Tralalá

Era uma vez Valentim e Vincent, com 5 e 2 aninhos, de cabelos vermelhos como tomatinhos e olhos azuis como gatinhos.

Valentim, já grandinho, já ia para a escola como um atleta: de bicicleta.

Vincent que nasceu durante a pandemia do Covid 19, com a prova dos nove ainda não mexe, ia com um dos pais para a creche.

Filhos de mãe brasileira e pai dinamarquês, uma dupla da pesada, gostavam muito, nas brincadeiras de fazer zoada como só, por isso viraram os Irmãos Trololó.

Valentim gostava de batucar, pra lá e pra cá, pra cá e pra lá, mesmo que para isso pegasse uma colher e uma vasilha de tapeware. Bac Bacum Babá, lá estava ele a batucar.

Vincent que gostava do irmão imitar, não conseguindo fazer batucada, preferiu assoprar. Fitfiufiu, quando vou conhecer o Brasil? E tudo virava apito, até o lego, se acredito! Se achava uma caneta, muito cuidado, virava corneta!

Uma bela manhã de outono, ainda cheio de sono, ao sair de seu prédio, pois ir pra escola não havia remédio, já que toda criança quer mmesmo é brincar nem que seja de trololó tralalá, viu uma árvore vestida de cores que eram lindas flores.

O menino ganhou ar, olhou pra moa e falou: Hoou, a primavera chegou? Ali muitas flores há! Agora sua família pode nos visitar.

Entrou na ponta de um canal saiu pelo bico de outro canal e a bailarina dinamarquesa mandou contar que alguém aprendesse falar Tralalá!

Alyne Costa, 21/04/22

Para Valentim e Vicent




Monday, April 18, 2022

A Casa da Velhinha Neném

 


Era uma vez uma velhinha muito limpinha, boazinha e alegrinha. Talvez por ser bem miudinha era chamada por todos de Neném.

Dois menininhos Zezinho e Lucinha foram molhar na casa da velhinha que era sua avozinha.

A Vovó deu para cada um uma canequinha para bem cedinho irem até o curral tomar leite da vaquinha.

A casa da Avozinha era uma gracinha, limpa, com luz de fifó e muitas frutas, galinhas, água de pote, moringa e melaço de cana para todos os netos, bisnetos e sobrinhos se lambuzarem o ano todinho.

Havia um lampião e um grande rádio de pilha, que toda cheirosa e bem vestida, a velhinha ouvia  a missa de Aparecida.

E fechava seus miúdos olhinhos, os lábios dava um sorrisinho e a velhinha pedia por cada menininho.

Um dia assim, meio desses tristinhos, tiraram da avozinha os menininhos. Mas para que as flores e as gargalhadas nascessem todos os dias no varandal e no quintal da velhinha, sempre com seu sorrisinho, Papai do Céu lhe abençoou com cada netinho! E seus netinhos nunca deixavam sozinha a velhinha. Voavam em sua casa feito bandos de passarinhos.

Alyne Costa, 18/04/22

Fotografia: Alyne Costa







Thursday, April 14, 2022

Luisinho e Laura

 Era uma vez Luizinho que não era irmão nem do Zezinho, nem do Huguinho e sim de Laura, uma menina que gostava muito de se intrometer nas brincadeiras do irmão, até soltar bolas de sabão.

Luizinho tinha quatro anos e se achava já um homenzinho, amoroso e cuidadoso, estava sempre atento às peripécias da irmãzinha.

Em sua cidade foi inaugurado um parque de Dinossauros, no mesmo dia, Luizinho exigiu de seus pais que deveriam fazer um passeio para ver se encontrava algum Dinossauro chamado Lineu porque era assim que sua irmã nomeara seu dino da Silva Sauro de brinquedo.

Num ensolarado dia de domingo pela tarde, os pais das crianças resolveram satisfazer o sonho do menino que usou sua fantasia de homem aranha para a mais nova façanha.

Laura quis ir vestida de bailarina, parecia uma boneca malina.

Quando chegaram no parque havia um muiiiiito grande que chamava atenção por ter olhos vermelhos, braços bem menores que as pernas e bocão aberto.

A menina pediu ao pai que a pegasse no colo para ver de perto aquela bocarra aberta e cheia de dentes.

Luizinho, de imediato, assustou-se, que bailarina mais prosa e corajosa!

Quando, Laura chegou pertinho do Senhor Dinossaurão, olhou e falou para   seu imão:

- Olha só, que olhão vermelhão, que será que ele tem dentro dessa bocona?

De imediato colocada no chão pelo pai encabulado, olhava para o irmão sorrindo, pedindo solução.

Luizinho, sorriu e respondeu pra menina:

Laura, essa bocona serve para que ele coma!

Entrou na boca do tiranossauro Rex que disse que só contaria outra com um relógio Rolex.


Alyne Costa, 14/04/22




Monday, April 11, 2022

Luna no País dos Coelhos

 Era uma vez uma menina chamada Luna, de olhos bem arregalados e vestidos com babados.

Laço de fita na cabeça e que adorava coelhinhos pretinhos com manchas brancas, olhinhos vermelhos e cocô de bolinhas.

Um belo dia, seu irmão, Ravi, que sonhava com todas as bandeiras coloridas do mundo e até em planetas de outros mundos, lhe fez um convite:

- Vamos viajar? A páscoa está chegando já já. Vamos ver os coelhinhos e ganhar ovinhos!

Luna, entusiasmada, respondeu com um laço vermelho e branco na cabeça:

- É uma daquelas viagens internacionais?

Ao que entãoo já tristonho menino disse:


- Nada disso, é tempo de ficar em casa, vamos viajar de fato, através deste buraco preto, vermelho e branco, descalços para toda fofura do mundo entrar pela sola dos pés, com cheiro de algodão doce e picolé de menduins.

A menina entrou no buraco, mas não acabou o pato, desnhou um sorriso de chocolate na boca do Ravi que nunca mais parou de sorrir.

Entrou no bico do pinto e saiu no bico do pato, o rei pediu que contasse mais três pois estava desenganado e o galo cocorejou:



Eu sou um coelho enpanado.

Alyne Costa

11/04/22

Fotografias: Pinto  e gato, internet e Revista Brotoeja (pesquisar histórias em quadrinho retrô), fonte: Internet


Sunday, April 10, 2022

Presente de Grego

 

Presente de Grego

“...De manhã nossas roupas espalhadas no chão

Todo mundo foge é da solidão” Guilherme Arantes

A madame tentava dobrar a esquina com sua sina

De cada lado uma menina

Estragou a arte de Van Gogh num porta retrato

Comprado numa loja de R$1,99

É pro moção

É pra mocinha

Atrevidinha

Pra Inglês ver.

Porque o velho John continua mexendo com a gente sim.

Pay Atention


Alyne Costa

10/04/2022

Res Nullus

 As coisa, todas elas

Brancas, pretas

Feias, belas

Todas elas

São de ninguém

Agora e sempre

Terra do Sem Fim

Amém.


Alyne Costa, 10/04/2022

Monday, April 04, 2022

Luto da Mulher que Luta

 

Luto da Mulher que Luta

 

“E a solidão dos bares que a gente frequenta... Quando eu não estiver por perto canta aquela música que a gente ria...” Oswaldo Montenegro

“Está certo dizer que estrelas estão no olhar de alguém que o amor elegeu para amar.”

Jesus de fato é a alegria que mora no coração dos homens e esses homens exprimem esse amor em vários idiomas e caminhadas com pés descalços que nunca se cansam de amar.

Incansáveis orações em formas de canções.

Esse amor passeia pelos destinos de pessoas com diferentes desatinos ao badalar dos sinos.

Tentam compreender, dimensionar, presos na mais sutil incapacidade de amar.

Cantam apenas contradições travessas como em tristes jogos de guerra.

Tocam apenas, em segredo, armas de brinquedo.

A histeria é seu pedigree.

Já o Jesus que faz o homem sorri, apenas pousa por aí...

No canto dos passarinhos, livres e sozinhos.

Nas asas das borboletas azuis, vermelhas e pretas.

Mas cantam.

Porque o silêncio há muito não é urgente.

Esse eterno luto que me habita e me faz aflita.

Não mora só em mim.

Mora na história de Caim e Abel, leu a bíblia, os cânticos e salmos.

Esse luto que me habita o peito todos os dias.

Fez pouso no coração bonito e aflito do meu filho.

Na compreensão de meu tio velho.

Nos meus insistentes equívocos.

No beijo não beijado.

No abraço não doado.

Na mão não tocada.

No terreno baldio da falta de noção e dimensão.

Pousada da humana incompreensão.

Alyne Costa, 4/04/22


Para meu Pai João Roberto, 22 anos de saudade.