Clã Destinos
Clandestinos
Cala Desatino
Se atino:
Um Hino.
Alyne Costa, 31-01-2024
De cá de dentro, bem do fundo do meu mundo, do que há de mais profundo, morimbundo, num segundo. Apenasmente reticente e inconsequente, paulatina e veemente, pela mente e plenamente. Sem querer e só por ser o que há para deter, toda dor que me habita, ora afoita, ora aflita. Todo verbo que reparte, ora Vênus, ora Marte, Cafundó de qualquer parte!
Arde a minha pele
Se chove eu me molho
Escorre em minhas veias um tilintar de desejo
Tiro a roupa, rogo um beijo
E, entre canções e lamentos
Há pontes entre dúvidas e caminhos
Sinto seu toque e seu cheiro
Te espero...
Te quero...
Me esmero...
Com as luzes todas acesas.
Arrepios na sobremesa.
Alyne Costa, 27/01/2024
Cinza
Sim, há dias tristes
Nescessário vivê-los
Sem cobertura e ao tempo
Há os sinais, as rugas, e as cicatrizes
Que não obliteram incertezas
Não faço caso algum da velhice
Que, timidamente, chega
Respeito-a com a dignidade de quem sofreu
E o reconhecimento de que também fez sofrer
Feito bicho estranho, roto, morto
Estico-me num cortume
Os meus segredos são meus
Crio versões, suturo receios
Não quero vida a conta-gotas
Quero a solidão das detentas, das castas e das freiras
Quero o silêncio do badalar dos sinos
A delícia dos hinos, mas se fui nômada feito estrela andarilha
Hoje quero o porto seguro no meu coração já maduro.
Alyne |Costa, 24/01/2024
Janeiros
Esse sol que salga as minhas palavras
Esse sabor de limonada
Esse cheiro de sorvete e essa imensa alegria:
De viver
Torcer
Tomar sorvete
Derreter de desejo
Um sonho, um beijo, outro beijo, mais desejo
A orfandade me acolheu cedo
E tantos amores nascidos em janeiro de breves e lânguidos
fizeram-me lenta
E janeiro esquenta
A pele
A panela
A tinta amarela
E o grande barato da vida é te ver da janela.
Alyne Costa, 14/01/2024
A minha casa, o namorado secreto e o valor do rótulo
(primeiríssimas impressões)
2024 começou com tudo, dando lições e muita vontade de
viver.
Primeira lição: Nâo dê a qualquer pessoa a oportunidade de
te visitar, a não ser que seja um amigo ou amiga de mil anos e que te conhece
do passado, do presente, ou seja, que saiba de onde você veio e percorreu
algumas trilhas com você.
Mesmo que sua casa esteja um brinco, com tudo impecável e
nos devidos lugares, não dê a qualquer um a oportunidade de entrar em sua casa,
a sua casa é seu templo e a pessoa por que razão sei lá não vai nem ver a tela
caríssima, a jóia antiga que você tem na parede, a pessoa vai se achar no
direito de dizer o que ela quiser, o que ouviu num telefone sem fio, se dar ao
direito de inventar até, não dê a qualquer pessoa a oportunidade de entrar em
sua casa... Para isso surgiram os salões de festas e salas de jogos, blergh, é
verdade, sua casa é seu templo e nela só deve entrar quem vc ama a ponto de
dividir ou a vida ou alguns momentos.
Porque se aparece uma lagartixa ingênua na parede a pessoa
vai discorrer uma tese de mestrado sobre animais peçonhentos e nem vai colocar
um nome na lagartixa, a coitada vai passar quase que desapercebida, tá, tem um
ditado que diz que quem desdenha quer comprar, a pessoa pode estar hiper bem intencionada,
querendo te tirar da zona de conforto, talvez esteja empenhada de fato em te
ajudar, mas até as partidas de futebol duram 90 minutos, se ficar cansativo,
durma, durma mesmo, desconecta e se você acordar e ver uma libélula pule,
caramba pule de alegria, dê gargalhadas porque você não vive para corresponder à
expectativa de ninguém nessa vida porque só você sabe da imensa potência que vc
tem perante a vida, máxime se vc contar com uma força chamada Deus.
O namorado secreto é secreto e é outra questão. Essa coisa
do namorado secreto eu vi num texto da brilhante Flávia Azevedo, cara, hoje em
dia tem que ser secreto, imagina que vibe boa... Fica a dica: Tem que ser
secreto! Passou longe esse negócio de olho gordo, secreto porque os melhores
detalhes nunca são nem devem ser revelados.
O valor do rótulo é vc se priorizar cara, não é não, a vida
é muito curta e rara para você abrir mão de si mesmo. Quando eu era adolescente
e haviam aquelas festas de clube ou boite, tipo festa de 15 anos, se você
ficasse com alguém que só te notou no fim da festa era assinar atestado de
fuleiragem, a gente dizia: Fim de feira nunca. Eu? Loba, gata, sagaz, mãe de um
homem lindo, com amigas e amigos maravilhosos e cheia de eteceteras e tais e
sobrevivida (ahhhh) ao furacão de um relacionamento efeito estufa, tô na vibe
de: “Você não me olha, você nem chega a me ver”.
Fui, vem 2024, pode vir quente que eu estou fervendo.
Alyne Costa, 02/01/2024