A visita

Ele não visitou minha rua esta manhã como há semanas costumava fazer, com seus passos largos que prolongavam a calçada. Não ajudou as velhinhas a atravessarem as ruas com suas sobrinhas coloridas, cujos desenhos me roubavam a sensação de dia de chuva e me transportavam para dentro de suas casas como se me convidassem a tomar um chá e com ela iniciasse diálogos sobre tempos de normalistas, filhos doutores e novas faxineiras. Não parou em frente ao jornaleiro para ler as manchetes e nem comprou um maço de cigarros. Por lá não passou... Não brincou com as crianças que entravam e saíam nos braços e nas mãos de pais e mães nervosas da clínica de emergência infantil. Não pegou a condução e não foi ao cinema. O vendedor de canetas coloridas continuava adentrando todos os ônibus oferecendo seus produtos, motoristas e cobradores também eram os mesmos, mas ele não estivera em nenhum assento. Na missa das 17 horas na capela do hospital o capelão pregava para os mesmos fiéis seu sermão cheio de fi...