Posts

Showing posts from January, 2025
Image
Imgem: Gustav Klimt, internet  Porque até já foi cantado que sonhos não envelhecem   Podia ser só de amor que ela vivia, mas havia sempre a sede de algo mais. Sede de um brilho no olhar, de um sorriso apaixonado que, repentinamente, gargalhava... Tinha, uma saudade imensa que marejava sua alma em momentos nem sempre oportunos... É que ela sabia ser cheia de vida e dessa vida mesma que nunca é perfeita, mas que brota e que vinga igual umbuzeiro próximo a lajedos, repleta de intempéries, com turbilhões de incompreensões, desavenças e outras coisas que a corroem e que nos leva a crer que nem sempre a suportaremos, mas que traz sempre uma florzinha miúda junto a um emaranhado de sonhos novos... E essa florzinha regada e cultivada com ternura e carinho sinceros nos traz esperanças e fé. Fé, esse monossílabo mágico que é capaz de nos reconduzir ao âmago de nossa existência e nos leva a acreditar em Deus e no perdão. E voltamos a dançar, sorrir, amar e encher de color...
 Canto aos Órfãos Canto agora aos órfãos de todas as guerras Com seu dialeto de desesperança Com sua tristeza distraída atrás de um riso torto Com seu semblante de quem admira um rio morto Como quem procura um pai e um porto Com um poema absorto. Alyne Costa, 31/01/2025
Image
Imagem: Diário do Centro do Mundo Uma História de Sem Terrinha Mariazinha, Mariazinha mora numa roça muito bonita Ela anda, ala anda E, na cabeça, ela traz sempre um laço de fita Ela mora com os pais numa região muito pacífica Lá eles plantam milho, feijão, mandioca, muitas frutas e até fazem seu próprio pão Um belo dia Joaninha chegou ao local em um carrão Se apresentou a Mariazinha como a filha de seu João Bincaram de corre corre, esconde esconde e morto ou vivo. De repente Joaninha falou pra amiguinha que ela iria se mudar pois aquela terra pertencia a seu pai bem como tudo aquilo que aqui estava. Mariazinha, muito sabia, responder à amiguinha que ela estava muito enganada. E que o pai dela ali em nada mandava, Pois a terra é de quem produz e de quem nela trabalhava. Que o seu pai estava ali e dali não iria sair pois o seu lema era "ocupar e resistir e produzir."  
  Ponte   Hoje eu só queria arrumar minhas gavetas da alma... Separar e organizar minhas fundações internas. Colocar os pingos nos “is” Hoje eu só queria saborear um cappuccino e aprender mais um pouco sobre a vida Tantas vezes dolorida, noutras fragmentada ou interrompida Hoje eu só queria reunir tudo que me nutre Que me faz ter sentido em prosseguir Com o tempo a gente aprende a ser mais gente A gente já conhece os limites e as imperfeições Hoje eu só queria um abraço Num abraço cabe um mundo O nosso mundo e o mundo inteiro Queria até uma chuva Um banho de chuva para lavar a alma Um carinho Uma lembrança Hoje eu só queria me carregar no colo e atravessar a ponte A ponte que existe entre o que sou e o que não se pode ser.   Alyne Costa, 10/01/2025