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Showing posts from November, 2008

Lição de Generosidade

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Vinha soberana de sobrinha, fazendo caso algum da chuva que caía e eu pensei na garra daquela mulher com seus oitenta anos enfrentando a chuva, só e desfilando em direção ao ponto de ônibus. Pensei ainda na graça sua, na singeleza dos adornos, na maquilagem, na roupinha bem passada e vi ela se benzer em frente à capela do português. Estava parada no ponto de ônibus e ela se aproximou e me disse: “Seu semblante é sereno e seus olhos sorriem. Seu sorriso traz a beleza de seu coração.” Nossas sobrinhas se uniram e ela me declamou uma poesia, falava sobre Generosidade. Não raras vezes o universo escolhe pessoas que sequer conhecemos para acender a chama do nosso coração. Amigos não conseguem falar, família não consegue entender, colegas têm prioridades demais e a gente precisa prestar muita atenção no que o Universo nos diz. O Vale dos Rios chegou e ela previu minha ansiedade: “Vai, meu bem, vai pro seu trabalho...” Só deu tempo de dizer que ela também era linda e adentrei...

Se eu Pensasse Um Poema

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Se eu pensasse um poema, teria ele a mim. Não seria broto, nem jorro. Seria o inverso. Não rangeria os dentes. Não guardaria a casa. Não seria lobo, nem cão. Seria poeminha de estimação. Se eu pensasse um poema não seria ele a dor. Porque um poema me explode. Me abre, me rompe, me cega e me guia. Um poema não me vive. Um poema não me come. Não me embriaga. Não me mata a fome. Não me castiga. Nem mimo, nem intriga. Se eu pensasse um poema não seria ele esta cor indefinível do crepúsculo. Das sombras e sobras nos meus contornos. Nas minhas margens. Nas minhas sondagens. Nas minhas obscuras: Paisagens. Salvador, novembro de 2008

Apartada do Cálice

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Quando não há mais cálice Nem mais carne Nem verbo que aparte a poesia que dobra a alma Meus Deus, me abraça... Me pega no colo. Faz tua vontade. Te acerca de mim e de meus devaneios. Emudece meus delírios. Amansa a ira. Quando não há mais cálice. O que apartarás de mim? Bendigo esta paz que me deste neste fim de tarde. Essa chuva que cai e que molha os meninos. Que encharca a terra e traz esse cheiro que me lembra vida. Bendigo esta chuva, este canto de pássaro, essa fé acesa aqui dentro. Quando não há mais cálice, pai. O que apartarás de mim? Alyne Costa Salvador, novembro de 2008