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Showing posts from May, 2009

Terra Mater

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Entre hortências e pés de café Sonho virar parteira E as raízes que sugam o néctar do solo me sussurram segredos antigos Que no coração da natureza tanto faz bicho ou gente Flor ou semente Beija-flores rodopiam E entre um ou outro ninho de passarinho Um vaga lume percorre a noite sozinho Sinto cheiro de vida E uma brisa leve acalanta qualquer receio Aprendo manha de serpente E a mata ganha forma de gente Já nada mais sou que parte deste ciclo da vida Vida campesina possível e real E a mão do poeta colhe as hortaliças viçosas A mão da poeta prepara um café E tudo passa a ter um sentido que a mente não compreende Porque nem tudo é passível de compreensão Basta os sinais lidos pelo coração Que atravessa a mata e escala as montanhas Que rocha, bicho, água, flores e ervas dão a lição Terra Mater, mãe da vida Da flora e fauna, da gente oprimida. Mãe de acalanto profundo. De respeito à natureza e ao mundo. Alyne Costa Maio de 2009 Para Dato e Telma

Flor de Pensamento

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No infinito onde habito apenas reinam pensamentos Com cores claras e alguma saudade até do tempo que era criança No carnaval minha mãe fazia fantasias... Com mãos de fada que nunca machucam. Inexoravelmente a vida passa: Perdas, ganhos, disputas com a própria vida. E ela, a vida, nos absorve... Amigos que vão, amores que chegam e nos arrancam do chão. O resto é colheita das boas. Que vida é feito solo para ser arado. Planta para ser regada. E precisamos acertas nas palavras... Nos diálogos íntimos que traçamos com os fantasmas que nos perseguem. Se for medo ou solidão, apago-os. E enfrento de sorriso amarelo estas condições que o mundo impõe. Coisas de cidade grande de vez em quando perdem a graça. E até escada rolante vira bicho estranho. Mas a gente vai crescendo, às vezes sem poda. Noutras sem achar graça nenhuma. Algumas morrendo de rir de um teatro que nos envolve e sem querer estreamos. Como se vida fosse reino encantado de novela. E em passos miúdos, sigo rumos que eu mesma traç...

Coisa de Mãe

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Como este ventre gerou o que não me pertencia... Aparo minhas dúvidas como se assistisse meu filho escolher bola de gude. E aprendo a enfrentar as dúvidas dele que tanto me aquecem. Aprendo mais quando estudo com ele. E o Egito me parece tão perto na hora da revisão. Se os vídeos do Yotube não me seduzem... O fazem bastante as gargalhadsa de menino que cresce, rebelde e sagaz. Sou uma mãe que nunca teve avental.... Muito menos pantufas. Sou mãezinha, assim: De misturar atum e arroz e inventar que é um prato mexicano. De inventar lendas e cantar musiquinhas da primeira escola. De dar xodó na hora certa e chorar em horas erradas. Sou mãe e aprendo. Mais que professora. E se erro muito. É que nada, nem manacá, nasce perfeito. A vida me rega e eu cresço com filho. E feito passarinho, aqueço o ninho. E filho cresce comigo. Para Victor 10/05/09

Caduca

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De volta ao altar, ergo as mãos Mas as palavras que me saem, não são preces Calo minha oração enquanto admiro as rugas que me nascem E sonho envelhecer nos braços dele Em seu desvelo, enrolo-me feito novelo E como em sonho, acendo velas pelo porvir Lembro as longas e enrugadas mãos de meu avô Pela manhã rego as mudinhas das plantas E a palavra de amor, viola o silêncio com um telefonema E o dia assim amanhece, com promessas claras E cheiro de bolo frito de tapioca e sal Mesmo se chove as manhãs são claras Cheias de esperanças novas Volto ao altar e ergo as mãos De puro agradecimento, Deus, é feita minha poesia Assim, calma, sem estardalhaço Feito aposta de menino Mas eu queria mesmo era ter mãos encantadas Para aparar o intangível do amor que o céu derruba em mim Aparar e colocar em taças Servir a quem se achega como de costume E essa vida que faz pouco caso de ser entendida É meu valioso dom E ela não é mais minha e nunca o foi somente Ela é teia de um fio maior Tecido dia a dia Hora ...