O Abraço da Consciência Negra

Soam longínquas as espumas brancas dos mares atravessados pelo Navio Negreiro de Castro Alves... Mas ainda arde a pele açoitada em tantos pelourinhos. Ainda vive Zumbi nas camisetas coloridas e jamaicanas. Consciência eloqüente e negra, consciência mãe do Brasil. Ainda brilham em museus ornadas jóias designadas: escravas. Ainda há um abismo a separar raças. Um pai abraça o corpo do filho tombado ao chão. Cinco horas de abraço. Amor que não tem cor, nem raça, nem estirpe, nem religião. Amor que tem a dor do corpo do filho tombado ao chão. Vidas jovens ceifadas. Destinos lançados ao léu. O pai não terá mais vida sem dor. Mas aquele abraço que me derrubou em lágrimas. Aquele abraço permanecerá em minha memória e renascerá em cada abraço em meu filho. Aquele corpo tombado ao chão... Cada corpo de jovem tombado ao chão. Leva consigo uma nação. E leva também as nossas canções de esperança. Alyne Costa Salvador, 21/11/09 Para Nilton dos Santos, vigilante, que perdeu o filho de 18 anos na noit...