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Showing posts from May, 2010

Minha Terra É O Mundo

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Sou de tantas terras que já nem me lembro mais... Terras de paus-brasis, Caetités, Igaporãs e Serras Gerais. Sou da porção que cabe, neste latifúndio de mundo, Cada qual no seu pedaço... No seu cantinho de mundo. Eu sou de tudo que é lado que é feito de cantoria, Onde meu peito rebenta, chora de pura alegria. Eu sou de qualquer lugar e feita de qualquer sorte. Sou flor na invernada e alforria na morte. Sou preguiçosa e sem rumo, uma cabeceira de rio que depois escorre manso: Pra assombrar num vazio de uma cachoeira alta. Sou moça já nos quarenta. De quarentena da vida. Por isso pergunte de onde vim: Do vente de minha mãe e do prazer de meu pai, mas nunca de onde sou. Sou apenas de onde estou: Uma labareda acesa: Ora riacho, noutra correnteza. Que essa vida, amiúde, é feita de muita aspereza. E se nasci d’um grito profundo : Minha terra é o Mundo! Alyne Costa 23/05/10

Poetas Anônimos

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Somente tua alma foi dilacerada. Pouco importa tuas contas dadas. Regras, leis, CLTs, anúncios de jornal... És sempre o culpado. Há os que amem os poetas anônimos, os que se rasgam e não se entregam... Há também aqueles que só te consideram enquanto poetas íntegros: que se dilaceram... Há os que esperam suas vestes rasgadas, Suas noites insones... Seus versos dobrados sob o papel. Aí, eis poeta! Com chances, passaportes, canudos... Flores, belas vestes, escudos... Das suas dores ninguém quer saber, poeta! Ela e sua e só a ti pertence! O apogeu de todo mal. Que importa o que importa se não pagastes a conta? O sanatório? A exoneração? A aposentadoria por invalidez? Não pagastes a mensalidade da filha da filosofia.... A mãe de tua agonia. E agora poeta? Para que comprastes brigas? Para ouvir a lei mais rica de quem se corrompe ao mal? Vai, poeta, cala-te, agora.... Paga tua conta e vai embora.... Entender e a veia matriz do maior mal. E já que não tens dinheiro, vendas canções de fevereir...

Aviso da Lua Que Menstrua

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Moço, cuidado com ela! Há que se ter cautela com esta gente que menstrua... Imagine uma cachoeira às avessas: cada ato que faz, o corpo confessa. Cuidado, moço às vezes parece erva, parece hera cuidado com essa gente que gera essa gente que se metamorfoseia metade legível, metade sereia. Barriga cresce, explode humanidades e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar mas é outro lugar, aí é que está: cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita.. Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente que vai cair no mesmo planeta panela. Cuidado com cada letra que manda pra ela! Tá acostumada a viver por dentro, transforma fato em elemento a tudo refoga, ferve, frita ainda sangra tudo no próximo mês. Cuidado moço, quando cê pensa que escapou é que chegou a sua vez! Porque sou muito sua amiga é que tô falando na "vera" conheço cada uma, além de ser uma delas. Você que saiu da fresta dela delicada força quando voltar a ela. Não vá sem ser convidado ou sem os devidos corte...

Cortinas

Porque eu talvez tenha me dividido em viver o que não havia ainda vivido. E antecipado o tempo, feito flor de ressentimento. E porque muitas vezes visito o passado, criando afeto feito gado. E porque lembro bem dos meus tempos de criança, sempre me surge esperança. Quando eu já não agüento mais. Me lembro dos tempos em que meu avô partia melancia: A faca em sua mão desenhando as talhadas... Eu sempre ganhava o miolo: a parte mais doce e suculenta. Meu avô assim, me abria as cortinas da vida. Alyne Costa 1/05/10