Monday, October 11, 2010

Banho de Cachoeira


Ando com nervos em êxtase
Tão sem saco que nem esmalte de unha quero tirar...
E quem precisa de um crime de novela?
Basta o debate dele com ela.
Bastam os novelos que a vida revela...
Não acredito em manchetes de jornais.
Prefiro o absurdo que ninguém é capaz.
Ficar muda e captar sinais.
Encontrar ET’S em Minas Gerais.
Eu sinto sede, eu tenho cisma, eu sinto sono.
Eu perdi a hora, eu perdi o ritmo, eu perdi o rumo.
Eu não me emendo, eu não me entendo, eu não me aprumo.
Não lavo a loça, já não sou moça e nem me arrumo.
Meu time perdeu, meu dente doeu, meu filho cresceu.
Não rôo unha, mas como a cutícula.
Me apareceu uma pedra na vesícula.
Tô que nem Tiririca: Pior não fica.
Já não tenho medo, mas guardo segredo.
Uma parte de mim apodreceu.
A outra parte amadureceu.
E uma mulher se edificou.
Inteira e apesar das cicatrizes, colhe flores e serenidade.
O futuro é um navio sem rumo certo.
Quero um banho de cachoeira.

Salvador, 11/10/10, Alyne Costa

2 comments:

João Esteves said...

Nada como um banho desses, após constatações tão realistas. "E uma mulher se edificou", eis a grande síntese. Valeu, Alyne

nuno g. said...

também quero
belo poema