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Showing posts from September, 2015

É Tarde

Já é tarde. Não atenderei telefones. Não acenderei as luzes. Travarei a porta. Resta-me pouco tempo. Quero me perder nas minhas próprias coisas Quero a leveza da poesia Quero meu riso de volta Quero o abraço terno do meu filho Não quero de cuidados Aliás, não preciso de cuidados Não, eu não vou usar batom Nem vou descruzar as pernas Vou voltar a escolher minhas roupas Farei uma grande fogueira com todos os papéis Pintarei a casa Jogarei fora todas as coisas velhas Só não me livrarei dessa cicatriz Ficará exposta Á mostra Não precisa devolver nada Não quero nada de matéria Voltarei a ter as tvs desligadas E, depois, enfim, em torno do que sobrou de mim Morrerei, enfim. Alyne Costa, 15.05.15

Fados de Portugal

Fados de Portugal De todos os meus encantos Aguardando a pá de cal O que vem a secar meus prantos São fados de Portugal E dentro dos acalantos Poeira, farinha e sal O que ainda me traz ventos São fados de Portugal Poesia de  Manuel Alegre  aos cantos Tibieza e flores do mal O que me acolhe tal mantos São fados de Portugal Da febre aos assaltos a bancos Jovem negro morto no quintal O que faz meus versos santos São fados de Portugal. Alyne Costa, 21/05/15