Thursday, October 01, 2015

Noites

Numa noite enluarada
Ildete ariava os pratos
João Pequeno olhava estrelas e depois contava casos
Eu, no colo de Vô
Me admirava de Joao
Enquanto lembrava alguma aula sobre constelação
Os mistérios da noite que ardia
E o medo de assombração
Vó ajudava a comadre
Eu era só inocência
Ia ver a cova do anjinho
E colocava florzinhas
De vez em quando
Íamos ao Zé Lopes visitar Tio Zé Antoninho
Que era só doçura mesmo quando velhinho
A casa era uma belezura com o lampião aceso
Passávamos pelo curral
Vô comentava a estirpe do marruais
Eu ficava apavorada com o tamanho dos chifres
Sâo essas doces lembranças
Dos meus dias de criança
Que me enchem de acalanto e esperança
E hoje nas noites vazias
Fora do tempo de meu avô
Me visto de poesia
E espanto toda dor.
Alyne Costa, 25/09/15

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