Como um bem-te-vi
“Quero ficar no seu corpo como tatuagem...” Como um bem-te-vi Indelevelmente, vivemos... Sonhamos e construímos. No meu castelo de areia vive uma sereia Uma sereia menina com sina de bailarina As sereias da Bahia possuem algo mais que magia Suas tranças libertas se escondem nas cobertas E, nesse inverno atenuado, quase sagrado Regado a licor e bom bocado Costumam não se acasalar Diria um Jorge de certo bem Amado - Balaio Fechado. Faço contas na agenda Anotação é lenda E dinheiro vai e vem Vida que é boa é algo além Além de tenda, encomenda e talvez uma reprimenda E, de tanto amar, diante desse mar imenso e denso Aguardo esse moço Para dá-lo um amor de profundeza atlântica Que desafie as regras da semântica E que pouse leve na órbita torta da minha vida De certo, um pouco sofrida Não tão ágil como um colibri Mas, talvez, certeiro Como o canto do bem-te-vi. Alyne Costa, 29/05/23