Wednesday, January 24, 2024

 Cinza

Sim, há dias tristes

Nescessário vivê-los

Sem cobertura e ao tempo

Há os sinais, as rugas, e as cicatrizes

Que não obliteram incertezas

Não faço caso algum da velhice

Que, timidamente, chega

Respeito-a com a dignidade de quem sofreu

E o reconhecimento de que também fez sofrer

Feito bicho estranho, roto, morto

Estico-me num cortume

Os meus segredos são meus

Crio versões, suturo receios

Não quero vida a conta-gotas

Quero a solidão das detentas, das castas e das freiras

Quero o silêncio do badalar dos sinos

A delícia dos hinos, mas se fui nômada feito estrela andarilha

Hoje quero o porto seguro no meu coração já maduro.


Alyne |Costa, 24/01/2024

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