Cinza
Sim, há dias tristes
Nescessário vivê-los
Sem cobertura e ao tempo
Há os sinais, as rugas, e as cicatrizes
Que não obliteram incertezas
Não faço caso algum da velhice
Que, timidamente, chega
Respeito-a com a dignidade de quem sofreu
E o reconhecimento de que também fez sofrer
Feito bicho estranho, roto, morto
Estico-me num cortume
Os meus segredos são meus
Crio versões, suturo receios
Não quero vida a conta-gotas
Quero a solidão das detentas, das castas e das freiras
Quero o silêncio do badalar dos sinos
A delícia dos hinos, mas se fui nômada feito estrela andarilha
Hoje quero o porto seguro no meu coração já maduro.
Alyne |Costa, 24/01/2024
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