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Showing posts from October, 2006

Bem Bom

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Depois da ressaca cívica a gente acorda de cara com o Brasil de dentro. Tenho dito que meu problema é endógeno e não exógeno. Solidão dói muito. Moinho no peito. Amor batido, pisado no pilão da minha alucinação. “E a voz do anjo sussurrou no meu ouvido, eu não duvido já escuto os teus sinais.. e tu virias numa manhã de domingo, e eu te anuncio nos sinos das catedrais.” Pra piorar eu não vejo novela. Prefiro Internet e voyerizar o orkut, agora descobri os fakes ou eles me descobriram. Ainda vou criar um fake, mas tô com uma preguiça... Não vejo novela porque é chato, muito longa e a gente cansa. Prefiro as mini-séries, como a inesquecível Anos Rebeldes... Monday, Monday.... Hoje eu só tô que assobio. Mas tenho assistido muitos filmes que pego na locadora de Kaká, a artista q fez a pintura do rádio da foto. Alegrinha. Tem um fusca que é uma bela instalação, cheio de frique-friques e pretendo fotografá-lo. Eu sempre atraso na entrega dos filmes, ai ela liga pra lá mil vezes e eu, então, r...

About Cordel

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foto retirada do site: http://web.uni-marburg.de/voelkerkunde/forschung/start.html Literatura de cordel é umas das mais resistentes formas de manifestação da cultura popular. Sempre fui apaixonada por cordel e lembro-me de muitos dependurados numa corda nas proximidades do Colégio Mercês, na Avenida Sete. Os mais interessantes, sem dúvida, eram os endereçados aos políticos de então. “Estando desocupado o grão-duque satanás teve uma idéia nociva, horripilante e mordaz misturou merda de porco como se fosse caramelo e ao soltá-lo no mundo batizou o vagabundo: Fernando Collor de Mello.” Não me lembro a autoria deste, mas circulou nas ruas de Salvador no início da década de 90. Vendidos em feiras, portas de Igreja, nas vias públicas e dependurados em um cordão, daí cordel, é uma singular forma de expressão do imaginário popular. Artistas nordestinos consagrados, em sua poesia apresentam traços de Cordel, como Alceu Valença em Romance da Bela Inês e Zaca Baleiro em Bienal e até mesmo Raul Se...

Cangaço, homem-bomba e pacifismo sertanejo

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Imagem: Cangaceiro Az de Ouro - Aldemir Martins ( http://www.pinturabrasileira.com/obras.asp ) Lampião, Conselheiro, Os Sertões, Graciliano Ramos... Tudo que envolve a história, os mitos, a realidade do sertão sempre me fascinou. Os pés rachados, manchados do meu avô, a enxada na terra seca... Acordar de madrugada pra beber o leite no curral. O barulho dos carros-de-boi me acordando nos sábados de feira. O sertanejo carrega o sertão em sua alma em qualquer canto que viva. Uma naturalidade em face do adverso. Uma coragem diferente, uma tendência à vitória em seus caminhos. Assim como o solo vence quando chegam as águas. Meu avô sempre falava: "nas águas". Referia-se a época das chuvas, época de fartura, de milho verde, de umbú, de feijão e época que me lembra Refazenda de Gil: "Cedo antes que janeiro doce manga venha a ser também". A época das águas, normalmente, era janeiro, em pleno verão, tanta fruta, tanto doce, tanto sonho, mato verde, nem parecia sertão. Tá cer...

Abrindo a Janela

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Vou abrir ao mundo meus cafundós. Tudo que ta guardado lá dentro: impressão ou sentimento. Pode ser que pinte poesia, de safra boa, frasinha à toa, musiquinha que lembre alguém. Tudo que emane dos cafundós desse meu coração. Estou me sentindo como quando fazia minhas agendas na adolescência. Pena que não dá pra colar, recortar, artesanalmente. Minhas agendas sumiram, sumiram nada. Foram furtadas! A autora do delito famélico-lírico (só pode ser fome de emoção) foi Lú, Lucitânia, a primeira babá de meu filho, ela vivia com as agendas na mão copiando frases, poesia, escrevendo carta para o namorado. Depois que ela foi embora porque na época eu não tinha um puto, as agendas sumiram. A miserável não me deixou nenhuma mágoa, mas que saudade de fazer agenda, que curiosidade de saber o que nelas escrevia, os códigos, os amores, os chororôs, calundús, dedicatórias... Ró, minha amiga, ainda guarda as dela, de vez em quando relê e me conta, assim, acaba tendo documentada uma parte de meu passado ...