De Mim

Foto by: Alyne Costa De Mim Uma serpente me incomoda a noite Dançando dentro de mim Um baile atônito Entrelaçada entre minhas feridas Degusta minhas entranhas e me faz mansa Assobia os meus segredos aos quatros cantos Revira todos os meus mundos Intestinos, gota, apêndice Lustra o sótão da minha alma Me desnuda sobre estradas e avenidas Me traz lembranças, ira... Soterra meu ego e me mostra crua Uma serpente dança um tango argentino Pisa de salto nas minhas angústias Me atira facas Me oferece maçãs Ri das minhas preces E depois ganha asas e voa Me sobro em várias Desmascarada e histérica De quantas faces são feitos meus sonhos? Quantos caminhos para os meus ais? Uma moto passa... Um trem-de-ferro apita... Uma fumaça bruma a cidade. Nua em frente ao espelho Eu quase sou Eu quase vou Quase serpente Quase em frente Eu quase esqueci – De mim! Alyne Costa Brumado, 14 de fevereiro de 2007