Thursday, January 22, 2009

Visita do Absurdo




Sento-me no porão de minhas dúvidas
Observo a parede, a borra do café
Aonde vou se os passos não mais sorriem
Abraço-me e enlaço as mãos.
Os pombos me salvam.
-Bom dia, irmã!
-Vais ao salão?
-Fará as unhas?
-Pintará os cabelos?
Não. Nem passarei um lápis nos olhos.
Hoje me quero crua e nua.
Rasgando canhotos bancários.
Hoje mergulharei no asfalto da Avenida e doarei sangue e órgãos.
Aniquilarei saudades dos tempos dos risos fáceis.
Que rolem todas as lágrimas no quase encontro.
Serei doida de rua.
Dona do mundo.
Dama da vida.
Derramarei todos os frascos de perfume.
E nas essências misturadas, rogo um desmaio.
Hoje me quero vulnerável.
Nem prestarei contas a Deus.
Não ouvi um canto de bem-te-vi.
Gente bem que podia ser passarinho.
Adiarei consultas.
Não baterei ponto.
Nenhum canto nem acalanto.
Hoje eu quero o quarto mais escuro.
Quero o risco e o absurdo.
Pularei todos os muros.
Quebrarei paredes.
Que as portas de abram.
Senão as arrombo.

Alyne Costa
22/01/09

3 comments:

Luciano Fraga said...

Beleza, romper fronteiras e barreiras com uma enxurrada de versos impetuosos, beijo.

Jorge Elias said...

Olá Alyne,
Diante do absurdo, segundo Camus, ou cabe o "salto" ou o entendimento.
Sigamos então...
Obrigado por sua visita.

Um abraço,

Jorge

nando sfs said...

ola profundo lembra a liberdade que cada um tem, mas a vezes esquece ser dono do seu proprio nariz e tem medo de fazer as coisas quando um instinto rebelde toma conta de si e faz a vida pelo menos um dia ser realmente boa..
opsss srª Alyne apenas fazendo uma vizita e pedir que quando possivel..passa no meu..sou novo por aqui e gostaria de trocas ideias e tirar duvidas de assunto em geral..
obrigado ....