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Showing posts from February, 2009

Guerreiros da Paz

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Salve os guerreiros da luz Salve os guerreiros da paz O tapete de cravos brancos que cruza a avenida E saúda a Rainha do Mar Odoyá Filhos de todas as tribos Gingas de cada lugar Brilham em prata da Lua Branco das ondas do Mar Filhos de Gandhy Filhos gigantes de Yemanjá Odoyá Abram alas Abram os braços Abram as mentes Desatem os laços da dor Reinam por toda avenida Com trajes em azul e branco Agogô, alfazema e colar de contas Que encantam meninas São guias de paz e de amor E seguem serenos, sorrindo Seus hinos são cantos de paz Cantados por todas as raças Cantados por todos os povos Cantados por todas as línguas A bênção dos orixás São filhos de todo esse mundo Que ainda acredita na paz E o tapete branco lava a alma Peles claras e escuras Dentes alvos e estandartes Seguem serenos, sorrindo Gandhys de todas as partes. Alyne Costa 22 de Fevereiro de 2009 “Tem um mistério que bate no coração, força de uma canção que tem o dom de encantar.”

CARNAVAL

Havia um tempo em que alegria era inocência. Atrás da máscara a face da verdade. A sede da liberdade. Soltando amarras. Soltando o riso. Soltando a essência. Hoje, não há máscaras. As máscaras são autônomas, perenes. Hoje a festa busca o capital. E prende a alegria. Segrega o riso. Dilacera a essência. Mas ainda assim, eis a festa. Completa. Real. Viva!!! Eis a festa solitária dos que ainda brincam um carnaval. Alyne Costa 7 de fevereiro de 2002

Porta Jóias

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Eva Yerbabuena, bailarina flamenca Na minha caixinha de música A bailarina dança mal-assombrada Nenhuma jóia guardada Nem sabonete de motel Na minha caixinha de música Alguns alfinetes espetam verdades Antigas cartas de amor Sonetos que nem me lembrava mais Letras de velhas canções Riscos e rabiscos Poemas eróticos Alguns botões. Na minha caixinha de música Canhotos de filmes Cheiro de mofo Frasco vazio de um patchouli Na minha caixinha de música Retratos partidos ao meio Recortes de modelo Moldes de boa menina Receitas de vizinhas Na minha caixinha de música Há um tempo que ainda não passou E mora na saudade. Outro tempo que ainda não veio. Se dilata em ansiedade. Na minha caixinha de música Dobradiças enferrujadas Veludo devorado por traças E qualquer coisa que eu ainda ache graça. Um antidepressivo vencido. E a melodia que atravessa o tempo. Alyne Costa Salvador,13/02/2009

As Diferentes Faces do Amadurecer

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Foto retirada do site: http://kerolasaber.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_10.html Aprendo o quanto amadurecer pode nos proporcionar um enriquecimento de vida. Vida, assim, dividida, sempre nova, fértil, plena, encantadora, mas na qual não podemos apagar as cicatrizes da alma. As marcas das experiências ficam, nos constroem. Antes eu julgava que o coração criava crostas e íamos nos tornando mais resistentes às emoções: mortes não nos causavam tanto assombro, decepções não nos levavam ao chão, as perplexidades diminuíam e a aventura de estar vivo parecia cada vez menos excitante. É claro que amadurecer nos torna fortes e isto não tem nada com a quantidade de anos vividos. Amadurecer tem muitas faces. Amadurecemos muito com os sofrimentos, as perdas, a distância, a saudade, os diversos “pra sempre” e “nunca mais”, mas amadurecemos também com experiências únicas de encontros na vida. Amadurecer não significa perder o encanto pelas coisas que vivenciamos, antes saboreá-los com menos pressa e ma...

Baile

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Modigiliani, Red Nude (Nude on a Cushion)1917Oil on canvas Private collection Quero tudo distante e tão perto Nada a ponto de arriscar Cultuo as mais remotas tradições E de joelhos te rogo um beijo Prendo os cabelos desejando que os solte Que os puxe. Preparo-te amor um alimento, com zelo de mãe. Panelas ao fogo enquanto pito. Preparo-te amor a sobremesa. Preparo meu corpo sem qualquer fadiga. Hidratante, creme dental, calcinha nova. Preparo-te os aposentos e espirro perfume. Sobre os travesseiros, alecrim. Preparo-te uma noite sem assombros. Sem notícias, sem celular. Preparo o meu sexo. Como se prepara um carinho. Te acerca de mim que a noite é calma. E sonho meus galopes no infinito de nós dois. Me pega no colo que ainda sou criança. Faz-me brinquedo e ri dos meus calundus. Preparo-te canções de amigo. Que a noite é tua. Tira-me pra dançar?