Mosaico

Pieta Penso em traduzir sentimentos. Dores, silêncios, lamentos... A vida? Desenho a giz. Trago uma caderneta de aprendiz. E assim me refaço. Trago novas rugas num sótão de ausência. Não quero regras. Um catavento como referência. Menos cismas e mais paciência. Um bem-te-vi me acorda todas as manhãs. Sem que eu perceba, meu coração se abre em festa. Aparo as arestas. Colo-me em mosaico de tons pastéis. Intensa, me agarro nos momentos. Guardo frases de recordação. Um mapa mundi na palma da mão. Por vezes navego na contramão do previsível. E cochilo à sombra do irremediável. Do sem costume. Do sem jeito. Do bem que sinto e guardo no meu peito. Que se extravasa na amplidão do mar. Alyne Costa