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Showing posts from March, 2017

Escudos

Ela gosta de roupas claras E de sentir leveza na alma Gosta de pessoas do bem E perfume de alfazema As vezes chora em calundú De alegria ou de dor Noutras é como um raio Um clarão na tempestade da vida Gosta de músicas suaves e batuque de tambor Transmite serenidade, muita luz e muito amor Faz preces Acende incensos É de fibra e de fé É anjo e é mulher Gosta de cheiro de mato Gosta do povo de santo Que tira maldade e quebranto Traz no peito uma medalha O seu cálice é de amor De flor de verdade e amizade E seu peito é um escudo De luz e prosperidade. Alyne Costa, 30-03-17 Para Margarida Ornelas

Porta Retrato

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Estou no cais de madrugada No latifúndio da solidão Flor serena serenando Minha comigo-ninguém-pode ressuscitou Virei cigana envolta em cetim brocado amarelo Sete vezes a espada do Arcanjo quebrou o feitiço Agora, amo em paz, sem reboliço As vezes durmo em seu colo moreno Que, no frio, me acolhe e acode E já não guardo segredo No meu peito, cravados como punhais Cochicham os girassóis de Van Gogh Tristes e quase apagados, desgastados pelo poente E em algum canto guardado Está aquele poema do guardanapo Sou barroca e minha sina é em rococó Se ando descalça é porque quebrou meu salto E humildemente rogo-te um trato: Vela para que os dias sejam limpos como o sol Que numa hora solta lhe envio por e-mail Um alfazema, um verso, um retrato e um beijo de batom barato. Alyne Costa, 26-03-17
Segredos As minhas mãos são plataformas firmes Os meus pés seguem em passos fortes O meu olhar é sereno da madrugada Da lua encantada que me abrigou E o tempo clareia meu destino Voando numa nebulosa Ando até atrevida De braços dados com a vida Guardo um segredo no cofre do coração Faço preces de ciganas Defumo a casa Canto pra todos os anjos E, ainda, com sorriso de menina Recomeço a sonhar A minha poesia passeia Por florestas e por oceanos de mitos Faço chá encantado pra ter sonhos de amor E tatuado no meu peito: O rodopio de um beija-flor. Alyne Costa, 10/03/17
De vez em quando você para numa esquina da vida e vê quanta estrada já percorreu... Quantos caminhos trilhados, quanta pressa desnecessária, quantas palavras proferidas ao acaso que nunca deveriam ter saído. A quantas pessoas você se doou e tão poucas ficaram. E nessa esquina da vida já com alguma maturidade você se percebe consciente que a vida é seletiva por mais que você não seja. Indefectivelmente a vida seleciona quem fica e quem vai. Eu gosto das coisas simples, das pessoas simples, de quem não faz alarde, de quem se dedica a sutilezas e detalhes. Esse carnaval parou em minhas mãos um livrinho de Paulo Coelho da revista Caras. Eu não tenho vergonha de dizer que gosto de Paulo Coelho. Acho ele um grande contador de histórias... E, decididamente, não é um momento em minha vida pra ler Nietzche. É um momento pra ler coisas leves, acender incenso, fazer orações, encontrar pessoas leves, parecidas com você, mais preocupadas com um mundo melhor que com a conta bancária. A vida re...