Saturday, March 04, 2017

De vez em quando você para numa esquina da vida e vê quanta estrada já percorreu...
Quantos caminhos trilhados, quanta pressa desnecessária, quantas palavras proferidas ao acaso que nunca deveriam ter saído.
A quantas pessoas você se doou e tão poucas ficaram.
E nessa esquina da vida já com alguma maturidade você se percebe consciente que a vida é seletiva por mais que você não seja. Indefectivelmente a vida seleciona quem fica e quem vai.
Eu gosto das coisas simples, das pessoas simples, de quem não faz alarde, de quem se dedica a sutilezas e detalhes.
Esse carnaval parou em minhas mãos um livrinho de Paulo Coelho da revista Caras. Eu não tenho vergonha de dizer que gosto de Paulo Coelho. Acho ele um grande contador de histórias... E, decididamente, não é um momento em minha vida pra ler Nietzche. É um momento pra ler coisas leves, acender incenso, fazer orações, encontrar pessoas leves, parecidas com você, mais preocupadas com um mundo melhor que com a conta bancária.
A vida requer pausas, atalhos, cheiro de terra molhada, visões de anjos, meditação e poesia.
Estou dando uma pausa na vida. Estou me dando ao luxo de ser extremamente irresponsável. Pois não é que foi num livro de Paulo Coelho que eu aprendi que a raiz latina da palavra responsabilidade é a capacidade de responder, de reagir. Nesse momento eu literalmente não tenho capacidade de responder.
Outro dia eu tava numa consulta odontológica e a dentista muito doce que me atendeu me disse que a gente vive num mundo que a gente não pode dizer nem aonde a gente trabalha porque as pessoas se tornaram abusadas demais.
Eu que me achava a maluca da história me dei conta que não estou sozinha. Eu sou fichinha. A sociedade está extremamente adoecida e isso é falta de uma visão espiritual da vida. É falta de fé. É falta de se permitir amor. É falta de ética e é falta de sensibilidade.
Virou uma confusão e eu tô fora, viu? Tô avisando que tô fora dessa vibe maluca. Quando estudei Barroco com Madalena Ferreira, ela falava que esta era a arte do desequilíbrio e que quando o artista tá desequilibrado ele exagera. A humanidade tá exagerando. E eu não tô nem aí. Dou graças a Deus quando a bateria do celular descarrega, aprendi a falar com poucos, a acreditar em poucos, a me entregar a poucos, mas a me dedicar a causas mais nobres.
Só leio o que quero, só falo com quem eu quero, mas amo. Amo e muito. E não vou desistir de amar, mas gente falsa, oportunista e interesseira tô fora. Só faço o que eu gosto. Só como o que eu gosto.
A vida foi extremamente seletiva e esse novo caminho que estou trilhando é cheio de magia.
É leve, suave e, docemente, irresponsável. E vou cantar Raul! "Ô Ô Ô seu moço do disco voador, me leve por aí pra onde você for... Ô Ô Ô seu moço..."
Alyne Costa, 4/03/17

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