Zé Bernardo
O primeiro "maluco" que me vem a mente é Zé Bernardo. Assim mesmo, com nome composto, com direito à dignidade pelo menos no nome pelo qual era conhecido. Deveria ter uns 04 anos quando o conheci andando pelas ruas com suas roupas rasgadas, suas feridas que lembravam um São Lázaro, cobertas por tiras de tecido e uma toca de nylon amarela daquelas que se colocava verduras na feira prendendo seu cabelo ensebado. Zé Bernardo tomava banho num bueiro e pouco lhe importava o mau cheiro, ali sentava-se, rolava e lavava o cabelo. Ninguém tinha medo dele posto que inofensivo, doce e sorridente. Só era sujismundo, tanto, que sua pele não se definia... Todos brincavam com ele, davam-lhe sobras de comida, um pouquinho de farinha, um pouquinho de arroz num saquinho, sendo mantida a distância necessária. Não sei onde morava e creio que ninguém saiba mais pois são incertezas que os invisíveis parece trazer tatuada no DNA! Se Zé Bernardo sabia ou não sabia eu também não sei... Só sei q...