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Showing posts from March, 2025
  A delicadeza cura Em “Caminhos do Coração” Gonzaguinha canta que aprendeu que se depende sempre de tanta, muita e diferente gente... De fato cada um dá o que tem, o que nutre no fundo da alma, uns dão indiferença, ausência, outros, estupidez, alguns outros dão cuidado, afeto, caridade e a fina flor da amizade. Acometida de uma forte gripe alérgica que me levou a adiar compromissos importantes para minha vida, pude observar que nem sempre é preciso desacreditar das pessoas, enquanto uns seguem sua saga louca por dinheiro, bens, status, outros possuem outro paradigma de valores. E, a essa altura da vida, convém saber bem efetuar escolhas de quem você tem do seu lado na sua construção diária de afetos. Ter afeto é nutrir responsabilidade sobre o outro, não a de pagar conta, sabe? Essa tem que ser dividida, mas a responsabilidade de oferecer ao outro o que o outro lhe oferece. A reciprocidade é matriz dos indissolúveis afetos. É aquela que destrava a chave e abre porta para...
  No Azul das Orcas   As baleias possuem segredos. No absurdo abismo entre o mar e o sol. Seu profundo alento. Seu absinto. Seu desejo extinto. Como atrás de toda festa há uma seresta. Cuidado com a moita. Atrás de uma fotografia num álbum de viagens ou casamento: Um só lamento. Os esquecidos Os fora de padrão Os loucos Os mortos As bruxas As santas As tontas As tantas E o segredo já morreu. Atrás de um bob e uma toca. Dentro de uma caixa de bis.   Alyne Costa, 2022
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  Dois Retratistas Lugar comum em cidades do interior nos velhos tempos e figura ímpar para lá de importante era o retratista. Sempre chamados para os eventos mais importantes como batizados, casamentos, eram eles que registravam com suas lentes em seus laboratórios a história local, crianças, casais e festejos, nada escapava de suas lentes vorazes. Em Igaporã, havia, como sempre, uma certa peculiaridade. Ali não havia um só retratista, eram dois: Seu Zé e Seu Aloísio, retratistas. Os dois eram vizinhos de parede meia e nunca se ouviu falar de qualquer desavença entre ambos. Exerciam seu labor coincidente na maior pacificidade e não me lembro de um ter mais fama ou ser considerado melhor ou com mais virtudes na arte da fotografia que outro. Se alguém tinha preferência seria tão somente pela disponibilidade momentânea. Assim, nos antigos carnavais e festejos santos tirava-se muitos retratos e depois ia até à residência do respectivo retratista pagar e receber a foto. A...
  Templo Meu corpo é meu templo Sagrado em mim Minha missão e meu segredo Toca-o quem eu permitir E, por ser tão meu e tão sagrado As vezes leve, noutras cansado Guardo-o, volupstuosamente, para quem sinto amado.   Alyne Costa, 7/03/2025  
  Travessia e Silêncio   Muitas vezes o silêncio fala. Fala quando cala a alma. Fala quando sopra ao mundo. A dor de ser vivente e diferente. A dor que ninguém mais sente. Ser gente dói. Sentir dói. Amar dói. Partir dói. Uma dor que somente o silêncio traduz. Na travessia que é: Viver e Morrer.   Alyne Costa, 06/03/25