Saturday, November 18, 2006

Blues da Maternidade, Beth embalança...


“E na sua meninice, ele um dia me disse que chegava lá...
Olha aí, ai o meu guri, olha aí...”
Bom, de repente eu me deparo com uma pergunta:
“-Mãe, quem foi Cazuza?”
Caí na real... Meu Deus, eu estou velha. Foi ontem que assisti pela tv a notícia da morte de Cazuza. Foi ontem que ouvia no rádio, na verdade era um rádio de carro adaptado a umas caixas de som, aquela canção: “Pode seguir a sua estrela, o seu brinquedo de star..”.
Foi ontem que vi no Chacrinha aquele gato de all star vermelho, cantando, rebolando freneticamente, enquanto o apresentador jogava bacalhau para a platéia.
As letras de Russo sempre me tocaram mais que as de Cazuza, porém este último foi de uma coragem admirável.
Ai eu me deparo com a realidade que meu filho está crescendo e que eu não estou apta para determinadas perguntas, eu não estou apta para o botox, mas a aptidão pode se fazer de improviso, sem choro e com riso.
Bom, moderninha, abri o google e joguei lá: Cazuza. Chamei o moleque e mostrei: Este aí foi Cazuza. Passeei por várias fotos das diferentes fases da carreira do artista. “Quem vem com tudo não cansa...” E entre a nostalgia e a maternidade lembrei de frases do livro “Só as mães são felizes” de Lucinha Araújo. Ser mãe dói. Você não sabe onde seu bebê vai parar, você o ama mais do que o compreende e não raras vezes surpresas surgem. Perguntas como esta te congelam, pois sua opinião não é só importante, por mais que ela venha a ser questionada é um momento mágico de intimidade e criação. É o momento em que a mente para e o amor cria. De um diálogo nascem mananciais.
Sempre sonhei que meu filho aprendesse violão. De vez em quando venço sua timidez e peço para que ele cante uma música qualquer e fico saboreando o seu ritmo e sua vocação musical. Outro dia o vi com um violão na mão. Seus dedos compridos tentando acordes. “Me avise quando for a hora.”.
As vezes dá uma canceira. Um medo enorme que vem da responsabilidade de cuidar de outra vida, a certeza de saber quem um dia, mais cedo ou mais tarde, virá a separação: um outro país, um outro caminho e ele irá: artista, professor, escritor, piloto de avião, mecânico, marido, pai, frade, sei lá... Ele irá. E o por enquanto é a doçura de alguns momentos e as crises de outros.
“Me avise quando for embora.”

1 comment:

Anonymous said...

Pois é.
Nunca sei o que dizer.

Negrinho do Pastoreio.