Vôo Livre

Eu não sei esse idioma, confesso. E, assim, meu sorriso finge entender Aquilo que já não se faz segredo E nessa avenida da vida tantas vezes enfeitada Há cores do que não me comove mais Mais em um canto surge uma lágrima muda Uma lágrima santa que grita: Absurdo! É a solidão de uma lágrima única. E todo silêncio cresce ao redor. Silêncio de fêmea que traz nas entranhas da alma uma indignação sufocada. Sem alarde. Discreta e morna. Que assombra os sonhos da mulher. E essa indignação passeia calmamente por jardins encantados. Joga runas, ri alto do que não tem mesmo jeito. O desespero é a matriz dos fracassos. E mulher foi feita sob encomenda para sagradas esperas. E assim ela assiste ao mundo. Ela gira. Ela gera. Ela faz fibra da vida e transmuta. Desespero é redoma de sofrimento. Mulher cresce quando abraça o vento. E voa livre muito mais feliz. Alyne Costa 20/11/2010