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Showing posts from February, 2011

De Tudo Que Quero Bem

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Gosto de gente de pés descalços, sujos da lama da vida... De ver o arco-íris quando aparece no céu. Dos sem teto, dos sem lei, dos sem informação... Gosto dos idosos e dos loucos de todo gênero. Dos esquecidos nos leitos dos hospitais... Gosto do meu Amor, do meu filho, das minhas vizinhas. Dos vendedores de café... E seus carrinhos coloridos. Do art. 5 da Constituição... Gosto do Lula e do Saramago... De tudo que vibra e transforma. De toda espécie de dança que alguns chamam de Esperança... Gosto dos que acordam cedo para comprar pão. Gosto dos que acordam tarde pra fazer canção. Gosto de desafios e incertezas... Gosto de Miguel Carneiro e de Bemvindo Sequeira... De gente que fala sério, mas que também diz asneira. Mas que faz poesia e um reino de fantasia. E que faz desse Brasil a terra da alegria! Alyne Costa 17/02/11

Para Entender O Porquê de Alguns Partirem Cedo...

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Vivemos incansavelmente, nos entregamos plenamente, amamos, nos expomos, achamos que já choramos tudo, que já estamos prontos, que a vida já nos armou tudo que tinha para armar... Que estamos prontos, aptos, amadurecidos, retadões, que a parcela do bem diário está em dia, que a cada dia que o sol brilha recomeçamos melhor, que já agradecemos a Deus o suficiente por nossos talentos e virtudes, que já pedimos perdão aos irmãos de jornadas por não sermos perfeitos dado que falíveis e humanos... Julgamos já ter dito eu te amo o suficiente, ter entendido o quão complexa é nossa cadeia de relações e assim compreendemos que aqueles que mais nos criticam podem estar socialmente mais adoentados do que nós, e, pior, nem terem se dado conta disso. E na sua frágil inocência nos ferem e abandonam no nosso pior momento. E nós que já nos demos conta do nosso “estado” temos a obrigação de perdoar, compreender e sobreviver, por mais que esta tarefa não seja doce e fácil é, sem dúvidas, o caminho... Nós...

Qualquer coisa eu chamo a menininha...

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Haviam palavras indecisas naquele silêncio forçado. Era a mulher que lavava a louça enquanto ouvia jazz, mas ainda era a menininha que olhava os ladrilhos cerceando os detalhes e procurando formigas. Seu medo morava em maçãs vermelhas perfumadas. Morava nas panelas inoxidáveis que agora brilhavam. Nas garrafas de vinho vazias, agora empilhadas num cantinho da área de serviço e que, cúmplices, não revelavam seus segredos e até pareciam namoradas das diversas carteiras de cigarros vazias. Ameixas podres lamentavam não terem se transformado em geléia enquanto as contas chegavam vigorosas sob o tapete da sala trazendo mais transtorno e latas de cerveja que vazias enchiam o lixeiro e assustavam a moça da portaria. Enquanto o caos parecia bailar o adolescente ruidoso jogava em seu computador noites a fio e gargalhadas assombravam a vizinhança, ao passo que a menininha procurava dar contorno com sua ternura como se doçura pagasse contas. A menininha descia a praça e suas mãozinhas deslizavam ...

Os Quatro Olhos da Escuridão

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Os quatro olhos da escuridão me abraçam Os quatro olhos da escuridão observam meus trôpegos passos Enquanto dura a espera, a vida se esvai... O meu cigarro amigo faz cena de me dar abrigo. Mas meu amor é imenso e não sente culpa. Anjos coloridos levaram embora meu medo. Mora no tremor das minhas mãos um chão de incertezas. E, minh’alma docemente áspera trafega em torrentes de dúvidas. Sou fêmea e ao passo que envelheço, enloqueço. E, assim, cresço, numa imensidão sem fim... Falo dialetos incompreensíveis. Vejo gnomos em jardins que não existem. A minha tristeza usa sapatilha e cobra caro sua existência. A minha tristeza dança em torno de mim. A minha tristeza se embriaga de perfume vagabundo. Passeia pela rua com cachorrinho enfeitado de salão. Esquece a beleza das fotos de Sebastião Salgado. A minha tristeza não lê jornais, nem vai ao dentista. Não tem irmão, prima, tio ou avó. A minha tristeza nunca leu Hermann Hesse. Não conhece o princípio da dignidade da pessoa humana. É déspota e...