Amar Tanto e Até Morrer

Onde mora a minha dor? Habita o meu silêncio e permeia meus sonhos. Desenha a minha distância nos morros de um caderninho encantado. A minha letra borda em suas páginas correspondências. Cartas de amor. Cartas de despedida. Cartas de boas vindas. Algumas lições de esperança capturadas no olhar da menina de tranças. Onde mora o meu perdão? Nas flores de maio que nascem na palma de minha mão. No meu velório e na minha primeira comunhão. Numa saudade que transborda as veias do coração. Veias e esquinas. Veias e alamedas. Veias e praças repletas de flamboyants. Onde moram meus vícios? Na sede de desespero e riscos. Nas chagas da incompreensão. No abandono e na solidão. Na solidariedade e no dividir o pão. Onde mora o meu amor? No meu olhar que mareja. Na alma que inteira viceja. No corpo que ele beija. E até numa certa agonia... Que persegue noite dia... Este peito de poeta. Que já não reconhece as setas de ser só e uma só ser. E, por tristeza ou quebranto, capaz de causar espanto. Ama tan...