Tuesday, February 15, 2022

Miau, Miau, Miau, Cocorocó

 


Acredito que toda uma geração foi marcada pelo vinil. O vinil tinha sua magia que nem o melhor rádio do mundo sonharia em substituir.

Quem usou vinil sabia da sua delicadeza, era como um prêmio adquirir um vinil do artista predileto. E o cuidado necessário e, quase ritualístico com a sua manutenção? Solução, esponja para retirar o pó, plástico para proteger, antes de guardar na capa de papelão com um desenho psicodélico ou uma fotografia do pop star na capa.

Não podem ser esquecidos os compactors. Pequenos discos com apenas uma ou duas faixas de música, geralmente um hit.

Historinhas infantis povoavam meu imaginário. O primeiro vinil que ouvi foi numas rápidas férias em Caetité com Tio Paulo e Tia Valdirene, quando os dois moravam numa casinha em frente à casa de Tião Costa, na Rua Saldanha.

Eu voltava das minhas primeiras férias depois de ter vindo estudar em Salvador, estava com 06 anos. Lembro que fiquei horas impactada com a capa do disco, os quatro animais: a gata, a galinha, o cachorro e o jumento. Coisas de Chico Buarque para as filhas e coisas de Chico Buarque fogem a qualquer tentativa de elucidação e discernimento como toda obra prima que se preze. O som naquele primeiro momento não mexeu comigo, mas o LP sim.

Mais tarde ganhei o meu próprio exemplar de Os Saltimbancos. Choca galinha, só chocava... E, ouvi muito, muito mesmo, tanto ou até mais que a coleção Disquinho que trazia histórias incríveis como da velha Firinfinfelha e o Macaco Simão, A Roupa Nova do Rei, A Cigarra e a Formiga, João e Maria e A Bruxa.

Hoje vejo surgindo inúmeros contadores de história geniais, algumas crianças até, gente desenvolvendo no imaginário infantil, sua ancestralidade, sua cultura, seu sonho e sua magia.

Vida longa a todos os saltimbancos e aos contadores de história.

Alyne Costa, 15/02/22

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