Friday, June 23, 2023

 

As Fogueiras do Meu Avô

As fogueiras do meu Avô, aquelas que ele acendia, com suas mãos grandes e grossas não existem mais, porém nunca apagarão suas chamas.

Ele separava o pedaço de lenha que na manhã seguinte viraria o tição daqueles em que se assa milho e batata e acendia, num ritual que só a ele pertencia, nenhum filho, neto ou amigo lhe roubava essa tradição.

Nos anos de muita dificuldade, por vezes, não tinha fogueira e à meninada fascinada naqueles fogos de artifício que, certamente, só traziam benefício, corria pras fogueiras vizinhas e Ele chamava Vó e ia cumprindo a tradição: de casa em casa e assim, reciprocamente. Lembro de uma iguaria sem igual, o arroz doce de Ivone, ainda no tempo do Finado Loro, uma das coisas mais gostosas que já provei.

Apagou-se, na velhice a chama da fogueira da vida de meu Avô e lá se foi meu coração pelejar em outras plegas, conhecer as fogueiras da Chapada, lá se foi meu encanto por essa noite que ainda aquece meu peito de saudade porque é noite de festa, mas eu prefiro sentir saudade e quem disse quee saudade, não nos traz ao menos na lembrança uma esperança que tem que tiquinho de felicidade?

“Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo?”

Alyne Costa, 23/06/2023

 

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