Friday, October 05, 2007

Uma Pequena Flor


Hoje eu cometi uma pequena loucura... Minhas finanças não estão 100% em ordem e eu fiz uma loucura, eu me dei um presente.
Na verdade, minhas finanças dificilmente um dia vão estar em ordem, porque se algum dia eu ganhar muito, eu vou gastar muito, eu vou fazer caridade, eu vou dar presentes para pessoas que não costumam receber presentes. Eu vou me proporcionar um prazer de convidar a um restaurante muito bom uma celebridade da mendicância como o Roberto Bittencourt*.
Hoje já é um sucesso eu conseguir pagar minhas contas em dia. E não que fazer isto me torne mais digna que aqueles que não conseguem o mesmo, mas porque dever é uma coisa que simplesmente me angustia...
Mas sempre vi o dinheiro como algo flutuável... Não sei como, mas ele sempre aparece. Não suporto economizar, guardar, juntar, acho um verdadeiro pé no saco aplicações econômicas. Tudo bem que eu nunca tive dinheiro para aplicar, mas acho um porre aquele bando d elouco que trabalham nas bolsas. Meu Deus, aquilo é uma verdadeira e nítida visão do inferno!
Bom, mas voltando à loucura, eu me dei um presente...
E fazer uma loucura em prol de si mesmo, se dando um presente é uma coisa sadia, lúdica, um momento em que você se olha nos olhos e diz: Eu tenho me esforçado o bastante, o meu dinheiro é honesto, é o fruto do meu trabalho, da minha energia cidadã... Eu mereço me dar um presente.
Na verdade futilidades voam longe de mim. Eu não ligo para griffes, pago caro por prazeres gastronômicos, mas me amarro quando faço em casa um mexidão com ovo, arroz, feijão, tomate e cebola – além de pimenta, é claro. Prefiro os batons da Avon, desodorante de supermercado, não ligo pra carne, prefiro peixe e meu sonho de consumo é uma biblioteca.
Os melhores momentos de minha vida não me custaram dinheiro, custaram energia, flexibilidade, estudo, compreensão, autocontrole, perseverança, paciência e amor.
Mas eu hoje me dei um presente, pagarei em prestações, apenas para me lembrar que um pouco do meu esforço foi aproveitado em homenagem às minhas conquistas e espero que cada um de vocês saibam valorizar as suas próprias conquistas pelo simples fato que vitórias não se fazem ao acaso. Vitoriosos são os que recebem os méritos do universo.
Eu me dei uma pequena flor que vai durar pela eternidade. Uma pequena flor em forma de pingente de ouro para vingar e provar ao mundo que flores sobrevivem à qualquer dessabor.


Alyne Costa
Brumado, 5 de outubro de 2007
* Roberto Bittencourt é um mendigo que perambula pelas ruas do Centro de Salvador, sempre portando revistas, livros ou DVD's. Sabe tudo sobre a Revolução Russa, educado, fino e com jeito nobre é um lord sem vestes alvas.

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