Tuesday, April 28, 2009

Decifra-me

Eu sou uma sei lá...
Sei cá, sei ali
Sou também o que não sei
Uma não sei quem
Uma não sei o quê
Uma sabe-se lá o porquê
Eu sou a sobra de tudo que passei
Sou a bandeira de todos os recomeços
Sou fêmea, mentira e gema
Sou a partida e a lágrima lambida
Sou o pico do desespero
Sou o pincel e a aquarela
Sou a tinta azul-verde-e-amarela
Sou a caneta e a página em branco
Sou o teclado e a tela
Sou vários links e formatações
Sou o cochilo e o solavanco
A sujeira do pé do mendigo que dorme nú
Sou a calçada e o banco vazio de uma praça
O vestido de Lady Di num leilão
Sou o pássaro e o alçapão
E nas copas das árvores, meu tapete verde
Sou a fome da multidão
Sou a esperança sadia da utopia
Sou a nevralgia e a solidão
E entre o céu azul e o sol que viola o olho que acorda:
Decifra-me

Salvador, 15/03/03
Breve passagem pelas Flores Mortas do Palhaço