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Showing posts from 2017

Pé na Estrada

Guardarei as violetas e as rosas meninas Lembranças e sorrisos que não se perderão nos escombros do tempo Minha lágrima é a flor maior do meu afeto Nunca secreto Não te farei moldura Nem trocarei os papéis Há sempre algo que fica num porão chamado saudade Quando se vai um amor Desmorona-se o teto da realidade Um amor não cabe em caixas de papelão Nem se esconde debaixo dos tapetes e das paredes manchadas Agora, quero andar nua no passeio público Procurar na bagunça das gavetas onde se escondeu aquele meu riso E minha boca não tocara nenhum gole de veneno Serei rio sereno... Brisa leve da vida planará por ti Te verei nobre Te dei uma bagagem de ternura Mas nunca nasci pra uma armadura E a vida breve roga por mim Talvez morrerei com flores, como morrem os poetas repletos de amores Talvez morra esquecida, como morrem os loucos e os vagabundos Mas nunca mais viverei com temores Viverei a vida como quem tem fé Como quem ama Como quem bem quer Como quem bendiz Como...

Amei e dei vexame

Simplesmente a vida é assim. A certa altura da vida... Numa experiência de isolamento social vc se apaixona por uma carícia que alguém faz em seu rosto. Alguém que também sofre. Que também passa por dificuldades. E, de repente, esse alguém pisca o olho pra vc, brinca com vc, divide o cigarro... É honesto, bom lider, talentoso. Vc olha pra aquela pessoa e vê disperdiçado um futuro brilhante. Vc é poeta. Louca. Ama. Precisa de amor e não há nada que te mova mais que a paixão. Conscientemente vc sabe que aquilo jamais terá futuro. Mas vc é capaz de doar sua vida por aquela pessoa. Pq sabe q ele é bom, puro, tão vulnerável quanto vc. Vc chora escondido... Declara sua paixão em mensagens não visualizadas. Faz preces. Ora com todo fervor da sua alma. Faz poemas secretos q talvez essa pessoa nunca leia. Ou leia pq vc sabe o quanto essa pessoa é sensivel, inteligente e pode ser útil a um mundo melhor.... Mas os avessos da vida as vezes acontece e essa pessoa é vítima de uma inj...

Saudade

A saudade é uma ausência que não cura. Perdura. É lapidar no pensamento cada segundo. Cada momento. Ser no mais profundo sentimento... Um lamento. É querer ter aqui do lado O passado E ter na dúvida a pureza Como já disseram os menestréis E, numa loucura, ser a ruptura E querer o novo A vida nova A roupa branca e alva De fada encantada Que morre de amores Enfeitiçada E, na magia desse feitiço... Buscar a paz Uma tranquilidade sem verbo Sem carne Sem alarde E esperar... Esperar Esperar Até a febre amenar Porque cura, meu Deus, já não há! Alyne Costa, madrugada de 8.07.17

Fronteiras do Amor

O amor tem fronteiras e as vezes morre inaudito e de véspera. É tão triste quando a gente mata um amor. Mas as vezes é necessário... Nunca a gente escolhe ou sabe porque ama. Mas a gente pode matar um amor, sim. A gente mata um amor quando não sabe ouvir, quando não responde, quando tem medo ou quando se entrega a uma amargura qualquer. Tem uma bela música do Paralamas que diz: "Saber amar... Saber deixar alguém te amar..." E existem inúmeras, um verdadeiro arco-íris de forma de amar. Mas matar um amor por uma atitude abusiva, de invasão ao momento ou à dor do outro dói demais. Você quer concertar e não tem remendo. Você quer voltar no tempo e não ter dado aquele telefonema e dizer aquelas palavras, vc não queria ter ferido, ter invadido, ter machucado. Mas fazer o que de nós meros humanos... Tão imperfeitos, tão julgadores e tão dodóis. Lembro de um telefonema de uns 13 anos atrás em que eu relatava meu amor por Fred e um amigo perguntou se eu já havia escutado a...
Idioma Ontem sonhei que Nova York ouvia tango Que cantores palestinos dançavam rumba Que no Saara não haviam tâmaras e sim amêndoas Que todas as pessoas se entendiam e bailavam como os ciganos Mandei preparar um vestido dourado Um espelho encantado Como numa fábula Vi crianças darem as mãos Vi travestis distribuindo rosas vermelhas Vi pretos velhos fumando cachimbo E Dolores me amamentando A minha bandeira era um arco-íris E tremulava num céu azul de outono Ouvi rouxinóis cantando Poetas profetizando E loucos se amando No meu sonho não haviam cárceres nem manicômios E a minha roupa clareava a noite que chegava carregada de estrelas cadentes E, na cadência de um samba, Nanã acalantava o mundo As freeiras oravam com terços cristalinos Os pastores pregavam um tango argentino O Doutor chorava sua lágrima de menino E não havia nenhum átimo de dívida ou credor Ontem eu sonhei que o mundo Falava o idioma do amor. Alyne Costa 27/04/17

Silêncio

De monge No universo onírico em que habito Acompanho teu silêncio E em noites enluaradas costumo banhar-me numa cachoeira Ondinas me segredam canções de ninar Fados, valsas e sambas de roda Eu sou toda alma e coração Feita de amor pulsante Me olho na face oculta do espelho Acendo uma fogueira Salamandras bailam ao som de um blues Como se diz eu te amo em sânscrito? Leio e releio a carta de Paulo A madrugada assobia seu nome E a solidão amaldiçoa o medo Meu verbo Minha carne Minha pele Meu ermo Na chuva surgem fogos de artifício Santo anjo do senhor... Talvez seja amor Ou precipício. Alyne Costa, 4/04/+7

Amar Tanto e Até Morrer

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As tuas memórias no Facebook Alyne, as memórias que partilhas são importantes para nós. Pensámos que gostarias de recordar esta publicação de há 3 anos. Onde mora a minha dor? Habita o meu silêncio e permeia meus sonhos. Desenha a minha distância nos morros de um caderninho encantado. A minha letra borda em suas páginas correspondências. Cartas de amor. Cartas de despedida. Cartas de boas vindas. Algumas lições de esperança capturadas no olhar da menina de tranças. Onde mora o meu perdão? Nas flores de maio que nascem na palma de minha mão. No meu velório e na minha primeira comunhão. Numa saudade que transborda as veias do coração. Veias e esquinas. Veias e alamedas. Veias e praças repletas de flamboyants. Onde moram meus vícios? Na sede de desespero e riscos. Nas chagas da incompreensão. No abandono e na solidão. Na solidariedade e no dividir o pão. Onde mora o meu amor? No meu olhar que mareja. Na alma que inteira viceja. No corpo que ele beij...

Escudos

Ela gosta de roupas claras E de sentir leveza na alma Gosta de pessoas do bem E perfume de alfazema As vezes chora em calundú De alegria ou de dor Noutras é como um raio Um clarão na tempestade da vida Gosta de músicas suaves e batuque de tambor Transmite serenidade, muita luz e muito amor Faz preces Acende incensos É de fibra e de fé É anjo e é mulher Gosta de cheiro de mato Gosta do povo de santo Que tira maldade e quebranto Traz no peito uma medalha O seu cálice é de amor De flor de verdade e amizade E seu peito é um escudo De luz e prosperidade. Alyne Costa, 30-03-17 Para Margarida Ornelas

Porta Retrato

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Estou no cais de madrugada No latifúndio da solidão Flor serena serenando Minha comigo-ninguém-pode ressuscitou Virei cigana envolta em cetim brocado amarelo Sete vezes a espada do Arcanjo quebrou o feitiço Agora, amo em paz, sem reboliço As vezes durmo em seu colo moreno Que, no frio, me acolhe e acode E já não guardo segredo No meu peito, cravados como punhais Cochicham os girassóis de Van Gogh Tristes e quase apagados, desgastados pelo poente E em algum canto guardado Está aquele poema do guardanapo Sou barroca e minha sina é em rococó Se ando descalça é porque quebrou meu salto E humildemente rogo-te um trato: Vela para que os dias sejam limpos como o sol Que numa hora solta lhe envio por e-mail Um alfazema, um verso, um retrato e um beijo de batom barato. Alyne Costa, 26-03-17
Segredos As minhas mãos são plataformas firmes Os meus pés seguem em passos fortes O meu olhar é sereno da madrugada Da lua encantada que me abrigou E o tempo clareia meu destino Voando numa nebulosa Ando até atrevida De braços dados com a vida Guardo um segredo no cofre do coração Faço preces de ciganas Defumo a casa Canto pra todos os anjos E, ainda, com sorriso de menina Recomeço a sonhar A minha poesia passeia Por florestas e por oceanos de mitos Faço chá encantado pra ter sonhos de amor E tatuado no meu peito: O rodopio de um beija-flor. Alyne Costa, 10/03/17
De vez em quando você para numa esquina da vida e vê quanta estrada já percorreu... Quantos caminhos trilhados, quanta pressa desnecessária, quantas palavras proferidas ao acaso que nunca deveriam ter saído. A quantas pessoas você se doou e tão poucas ficaram. E nessa esquina da vida já com alguma maturidade você se percebe consciente que a vida é seletiva por mais que você não seja. Indefectivelmente a vida seleciona quem fica e quem vai. Eu gosto das coisas simples, das pessoas simples, de quem não faz alarde, de quem se dedica a sutilezas e detalhes. Esse carnaval parou em minhas mãos um livrinho de Paulo Coelho da revista Caras. Eu não tenho vergonha de dizer que gosto de Paulo Coelho. Acho ele um grande contador de histórias... E, decididamente, não é um momento em minha vida pra ler Nietzche. É um momento pra ler coisas leves, acender incenso, fazer orações, encontrar pessoas leves, parecidas com você, mais preocupadas com um mundo melhor que com a conta bancária. A vida re...
Sereias As sereias atômicas retornaram Com seus colares de cavalos marinhos Trazendo pra perto a energia do mar Ou de um vale repleto de porcos-espinho As sereias vestiam-se de dourado E chafurdavam graças por toda parte Á cada mulher um homem amado E um pouco de talco trazido de marte As minhas canções são agora discretas Como são discretas toda minha dor Mas vamos deixar as janelas abertas Para de vez entrar o amor As sereias sorriram com um lindo semblante E a esperança se realinhou A alegria vindoura será melhor que antes Colando o peito que se desfacelou. Alyne Costa, 14/02/17
O bem te vi cantou baixinho Sou somente um passarinho Queria lavar calcinha Mas sou podre na preguiça Aqui ninguém é perfeito E tudo é somente passagem Canções me remetem a um tempo De obscuras miragens Posso ser bruxa ou santa Ir comprar pão na rodagem Me alimento de poesia Essa é minha fantasia Um sono que não tem fim Mas é bem feito pra mim Agora, me dá um tempo Que vou é cuidar de mim. Alyne Costa, 13/02/16
Me recomendaram uma canção de Zeca Baleiro que diz: "vejo os pombos no asfalto... eles sabem voar alto, mas insistem em catar as migalhas do chão." Desde que nascemos fomos sentenciados por dois grilhões: o medo e a culpa. E é esse medo que nos paralisa e nos impede de atingirmos o topo das nossas montanhas. É o medo de ser diferente, de não ser aceito, de correr riscos, de discordar e até de não agradar, de não ser amado, correspondido. Assim, a gente não mergulha no mar porque naquela praia alguém já se afogou, assim, morrendo de medo, a gente perde o sumo da vida, que, escorrendo por entre nossos dedos, se esvais. E não tem retorno. E de tanto medo que nos é embutido nessa cadeia que se passa de um pra outro, a gente não diz que ama quando ama, a gente não ouve que é amado quando está sendo amado, a gente não diz que está sentindo saudade, a gente não liga, a gente não procura, a gente tem vergonha de algo que aconteceu... Porque é certo que a rejeição é muito dolorosa,...
Façamos amor, mas façamos arte! O contato do ser humano com uma obra de arte, faz emergir um novo ser. Ninguém é intangível à arte em suas diversificadas formas de manifestação. Não é vista apenas pelo olhar, mas pelos sentidos, captada, ainda que indiscernível, abre fendas, labaredas em todos que com ela se deparam. Cegos, crianças, fanáticos, “loucos”, “mutilados morais”, se o olho vê a arte, vai além. Segundo o artista plástico Almandrade: “a arte produz efeitos imprevisíveis e é preciso entende-la sem descreve-la”. E quem se atreveria a equacionar o seu alcance? A obra de arte transbora a pré-intenção do artista, reflete no espectador, transformando-o num homem novo. Quantas vezes não mudamos, não alteramos as nossas perspectivas perante relacionamentos e fatos após ouvirmos uma canção? E a mesma canção pode nos trazer leituras diferentes acerca da mesma realidade. Não pretendendo adentrar no “mito da incompreensibilidade” da arte e sim a necessidade de utiliza-la como fato soci...
Ah, a vida e suas vicissitudes.Há aquela idéia que não devemos fazer com os outros aquilo que não queremos para nós mesmos. Mas sábado me veio uma luz ante uma situação que está me deixando extremamente instável emocionalmente, é querer ajudar e não ter como. Então, deduzi que também a gente não deve desejar a nós mesmos o que não queremos para o outro Até ajudar tem um limite, e, como disse minha amada Iramaia: "É como emprestar dinheiro a alguém, devendo R$5.000 ao banco. Existe em mim muito da formação jesuíta, aquela religiosidade de nunca dizer não, oferecer a outra face. Mas a vida, as pessoas não são brincadeira, muitas vezes são invasivas, caras de pau, maldosas e nós mesmos quantas vezes também não somos assim? Devemos e é urgente primeiro perdoar a nós mesmos e depois perdoar o outro. E como disse Drummond: "Não, meu coração não é maior que o mundo, nele não cabem nem as minhas dores". Alyne Roberta Neves Costa, 23/01/17
O cotidiano nos traz surpresas. E, se tivermos, olhos atentos, veremos que a vida é saborosa... Ai você lembra aquela musiquinha do Titãs: "É preciso saber viver." Ontem no início da noite eu fui tomar um sorvete, baby. Acho que há uns trinta anos, tomo o mesmo sabor de sorvete, crocante, brigadeiro e cobertura de chocolate. Algumas coisas consagramos em nossas vidas. E esse sabor de sorvete pode bem ser o sabor da minha adolescência, daquele tempo que eu era tímida e tinha vergonha do meu cabelo. De repente, quando o sorvete já havia acabado surge uma senhora muito simpática com uma bela menininha. Pà, olhei e reconheci e perguntei: -A senhora é a Professora Graça Belov? Ela confirmou e eu prossegui. -Eu sou sua fã. Infelizmente não fui sua aluna, mas em certa ocasião assisti uma entrevista sua na TVE e me emocionei. A senhora usou a seguinte frase: "O direito é uma erva daninha!" E aquela frase me tocou profundamente porque de fato o Direito é uma erva daninh...