Wednesday, March 28, 2007

A Mulher de Roxo

Foto retirada do site: http://flame.blogs.sapo.pt/arquivo/P1050119-2.jpg
Não achei nenhuma foto da Mulher de Roxo. Pesquisem.... Nossas lendaS são esferas de nossa vida.


Oswaldo Montenegro já cantou outra abordagem da solidão...
Eu que já fui só em meio a uma multidão, hoje procuro compreendê-la e dou mil vivas a Bill Gates. E assim, deletos alguns "amigos" e "adiciono" outros. Vida é reciclagem.
E no meio do barulhinho da TVE, até agora a única coisa que estou vendo prestar, fico imaginando a solidão dos que aprenderam a desligarem seus celulares, julgando eterno seu poder, risos...
Pobres mortais, nem de longe tangeciam a beleza da solidão da Mulher de Roxo. Aquela que eu tantas vezes vi, menina, pertinho da Slopper, na Rua Chile, aquela solidão mágica, impenetrável... Quase aristocrática. Aquilo é que era chique e que a ela se rendam as garotas Dancin days dos anos 70....
Aquilo é que era poder!
Agora deixar um celular na caixa, trocar um chip? Isso não é poder, é covardia...
A pinha pode ser uma boa metáfora. Quando de vez, sonhamos degustá-la madura. Impecável seu sabor. Porém se a gente por covardia, quer esperá-la bem mais madura para que seja mais doce, somos covardes e corremos um enorme risco de vê-la se patir. Quanto desperdício... Uma pinha, oásis da naturez partida, rachada, fragmentada em vários pedaços, sem sabor, sem função por pura covardia.

Votando à Mulher de Roxo eu a vi sim, várias vezes, Assim como toquei a mão de Irmã Dulce, quase alma gêmea de São Francico de Assis.

A mulher de roxo nada falava.

Não vi seu documentário, nada sei do seu fim. Só sei que sua solidão se vestia de roxo.

Aonde dormia?

Alguém deveria dar-lhe o que comer... Salvador é ainda terra de solidários. Sempre foi.

Mas hoje medito não sobre a solidão de catatônicos, de lendas ou de frutos do imaginário popular.

Medito acerca dos que chegaram ao poder e optaram à solidão pós-moderna de desligarem seus celulares, mudarem de operadoras ou trocarem seu chips. Por uma razão muito vil, deixar de atender a seus companheiros de jornada. Os que te levaram até aquilo que eles julgam poder...

Tão frágil isso quanto uma pinha madura demais. Em breve partida sem ser degustada.

Jamais entrarão na história, jamais serão lembrados, cairão nas vagas tristes dos ilustres temporários.

Que Caetano cante por mim:


Podres Poderes



Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezesComo são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe , num êxtase
Ser indecente mais tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades , caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo tins e bens e tais
Será que nunca faremos senão confirmarNa incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será,
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
(Solo Instrumental)
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundoIndo mais fundo
Tins e bens e taisIndo mais fundo
Tins e bens e taisIndo mais fundo
Tins e bens e tais...

Obrigada Caetano, sempre atual! E quando eu te canto, a Dinamarca inteira já apodreceu....

E viva a mulher de roxo. E Viva Tonho Matéria que cantou: Eu quero o poder pra poder amar.

Quanto a vcs que desligam seus celulares, o meu novo continua sempre disponível....
"O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente"
Montesquieu

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