Abraçando o Desespero

Parecia que andava de patinete por alamedas de um sonho doce. Uma fragância suave de jasmim me invadia e eu tinha vontade de viver de novo aquele viver inocente da infância não essa vida às avessas cheia de pressas e falsas respostas. Eu lia os versos de Manoel de Barros e observava uma tela de Gustav Klimt e tinha uma súbita certeza que algumas pessoas são oníricas e necessárias a existência das outras porque o ser humano sem sonho está fadado a morrer de fome da vida. Eu já havia tentado toda espécie de cura para meu desespero. Confesso que já havia feito consulta a uma médium que me fizera tomar um banho de schincola que me rendeu uma boa gripe, mas a cura não vinha... A minha indignação morava solitária em meu peito junto com um grito preso na garganta, feito feto morto que não saía e minha barriga crescia como se vida havia ali dentro, mas não era vida, era dor. Eu seguia grávida daquela arbitrariedade que tirara o chão e me fazia ter sentimentos ocos que não me agradavam porque d...