Posts

Showing posts from 2013

A Pele

Image
Ainda sangra a pele exposta Pele que não me pertence O sol é o alimento primeiro As seivas, sustentáculo Atravessa meu peito um gemido Sou colorida bastante Tenho um certo ar de felicidade O coração já não é o mesmo Acelerado com a cidade Agora hei de ter cuidado Hei de bailar nua nos abismos Ouvir conselhos e fazer preces Oração, meu agradecimento Já que não sou só lamento Quero pular carnaval! Alyne Costa 10/12/13

Já Não Sou Sozinha

Image
No horizonte da insensatez Assisto muda ao desfile do caos E uma multidão multiplica-se em mim Mitos, lendas, contos de fadas Eu já não sou sozinha E se encontro no amor um abrigo Por vezes nele também encontrou seus avessos Meus dentes roem ossos Minhas pernas tremem Minha capacidade é relativa Enfrento mares tenebrosos Engasgo com um grão de farinha Sou pródiga e rica em esperança E no meu do turbilhão uma dança - Eu já não sou sozinha. Alyne Costa, 26/11/13

Tia Avó

Image
Ela parece um anjo Com seus terços encantados Uma lucidez que guia Os netos apaixonados Lê cordel, reza novena Novela nõ assiste porque fez promessa É serelepe, de riso e lágrimas fáceis A gente chega perto dela e não quer mais sair Uma história emendada na outra Lembranças dos ancestrais Pombinhas visitam sua varanda Porque a casa é abençoada Mãe, Tia, Vó, Tia Avó. Todos querem seu aconchego Me deu de presente o ofício de Nossa Senhora Que hoje eu já sei decorado Tia Helena deixa na gente um sabor de quero mais: Quero mais missa Quero mais palavras Quero mais lelê Quero mais Helenita Pro mundo inteiro saber. Para Tia Helena, Alyne Costa, 23/11/13

Pecado

Image
Klimt Apenas no breu da noite aceito o meu desejo. Carne... Fibra... Cais... Penso nas coisas boas que você me traz: Verbo, olhar, ciúme. A minha vida sempre teve um lado obscuro. Sempre me visitaram pensamentos proibidos. É que sou assim: Desajeitada. Desajustada. Desnudada. Busco uma palavra para findar o poema, ela some. No espelho e me vejo linda. No varal as roupas alvas descansam. Se alguma nódoa ficou foi a do meu pecado. Alyne Costa 18/11/13

Caderno de Confidências

Image
Andando pela avenida, vejo vitrines... Anúncios de espionagem na banca de jornal. Cadelinhas passeando com lacinhos... Acompanhadas de madames. Eu sai sem batom e nem olhei pro espelho. Devo estar medonha, uma bruxa. Olho pros lados e avisto velhinhos sentados num banco de praça. O que povoa suas mentes? Vagas recordações, saudades mornas. O mundo moderno é uma aspirina. Sinto saudades dos antigos cadernos de confidências. Lá deixava meus gostos e segredos adolescentes. A infância passou... A adolescência passou... A juventude está deitada numa cama de hospital. E eu apenas perdi o medo. E me sinto viva. Com o amor que ele me deu no café da amanhã. Alyne Costa 2/11/13

A Mulher Que Guardo em Mim

Image
Arte by Henrri Matisse- Tristeza do Rei Guardo em mim a fúria das tempestades E na minha gaveta papéis coloridos me trazem de volta a infância Cachorros correndo pelo varandal... Uma alegria ímpar invadia o ser que nascia. A esperança me vigiava as noites. E uma cigana me cantava canções de ninar. A Vó na cozinha preparava uma couve. As minhas bochechas borradas de feijão davam o sabor da vida. Saia pra passear nos ombros de meu pai com sua cabeleira exposta. Pai, teu nome é saudade. E das lembranças boas restam as canções no violão. Versos ecléticos invadiam de luz o apartamento 1002. E saíamos a caminhar pelas ruas conversando com os gringos em alemão. Guardo em mim também a calmaria das hortaliças em ordem. Guardo em mim a mãe meio tonta que ama o filho e só sabe amar. Guardo em mim uma mulher que ainda não conheço. Que tem gostos esquisitos e uma força estranha na hora da dor. Guardo em mim uma amante trêmula, que ser carne e ser verbo é tam...

Cantiga de Mãe

Image
A luz dos teus olhos é brilhante e viva Tens a força do gigante A claridade da lua reflete em tua face O que sonhas? O que temes? Se teu destino é ser feliz? Traz no peito a rebeldia dos ventos em furacão. Mas não, não gritas ao absurdo. Gritas as tuas verdades encontradas nos labirintos da vida Ainda ontem sonhei que cavalgavas Soldado armado de escudo e lança Enfrentavas o escuro da noite e das matas E o dia amanhecia e já não via teu rosto Já eras um homem metade corsário O meu amor por ti vela tua febre Na certeza que os filhos são sempre os filhos Em busca de um ninho de passarinho Do acalanto de mãe As tuas lágrimas me são um punhal Se não sei porque choras... Guardo no meu peito o que não sei. E me silencio para apenas te amar. Um amor que navega contigo e segue todos os teus passos. Um amor de manhã que desbrava a madrugada, Para Victor Alyne Costa, 19/10/13
Image
Crepúsculo A minha essência é latente. Sou flor e sou raiz. Bailarina e atriz. Trago cicatrizes profundas na alma que ainda moça chora. O meu sexo se arde em labaredas no crepúsculo das horas. E na fogueira das minhas vaidades ainda guardo o lenço perfumado. O lençol bordado. Não tenho jeito para passar roupa. Mas sou mulher que gosta de inventar temperos e bater panelas. Assim oblitero meus desesperos... Enquanto no velho rádio ainda toca aquela nossa canção de amor. Para Tonga, Alyne Costa, 18/10/13
Image
A força Tenho a força das rochas escupidas pelos ventos. Que se transformam na areia que margeia os oceanos. As minhas dores me edificaram. E tudo passou... Acredito no milagre a cada nova manhã. Tenho a força da chuva que molha a terra. E fecunda a semente do novo ser que emerge. Choro... Rio... Canto... Oro... Danço... Amo... E anuncio... Um tempo novo de paz que envolverá a Terra. Tenho a força e a flexibilidade. Sou carinho e amizade. Sou um sonho que não tem fim. Alyne Costa, 8/10/13

Aquarela

Image
Acredito em dias cheios de luz E se adormeço amanheço nova Coberta de flores Plena de amores Acredito em dias azuis e num arco-íris perto do por do sol... Ali deponho meus segredos... Sepulto meus medos... Renasço colorida e cheia de vida. Dias azuis e absurdo lilás. A cor da vida menina é amarela? Pinte uma aquarela. Alyne Costa 1/07/2013

Nova Manhã

Image
O meu verso não se veste em solidão Dança ciranda com tantos outros Parece ter agora acordado Mas apenas estava preso a velhos grilhões Agora berra num desfile cívico Onde se ouve o grito de seus irmãos O meu verso não passeia na praça Não teme ser calado à força Nem a forca, nem a escravidão O meu verso sente fome e frio Pega filas, respeita o sinal Percorre por grandes avenidas Mas não está perdido Paga imposto E ouve o alarido da multidão O meu verso é uma criança que brinca E brinda a esperança de uma nova manhã. Alyne Costa 29/06/2013

Urgência

Image
Nada é mais urgente que o amor. Alyne Costa, 12/06/13
Image
Toda Sorte do Mundo Tenho a cor dos que choram Dos que se despem, dos que adormecem... Tenho a voz dos que não gritaram Ficaram a esmo ou viram pela televisão... Tenho versos guardados dentro da manga Com cheiro de frutas maduras e sabor de solidão... Tenho toda a sorte do mundo: Alguns pra chamar de amigo. Alyne Costa 7/06/2013                                                                           Imagem: Beto Barreiros

Víbora

Image
Emudeces o grito preso na garganta. Omites a fêmea que pulsa em minhas veias. Em vez de louca me faz casta e santa. Uma estrada reta quando em mim percorrem sinuosas curvas. Tantos abismos sobre meus ais e beiras. Uma feiúra me assombra. Nada me resta da bailarina e atriz. Sobre a escrivaninha apenas a poeira do tempo, meu alento. Meus versos emudeceram de tristeza. A poesia me preenche as tardes fazendo descaso da solidão. Meus passos outrora trôpegos retornaram firmes. Sou mulher e comando astronaves coloridas. Sobrevôo fogueiras e contradições. Sou o sorriso do sim. A lágrima do não. Sou a ponte e o alçapão. A primavera e o verão. Sou ainda a velha embriagada. A bruxa sagrada. Sou a menina e sua caixa de lápis de cor. Sou verme, víbora, açoite. Sou o que fui e onde não vou. Alyne Costa, 24/01/2013

Tapete Voador

Image
No desabrigo em mim Habita uma menina Perdida num mundo de “ses” Colecionando desatinos num pequeno caderno decorado Um aro de flores desaba sobre sua alma Frondosas copas verdes lhes trazem esperança De permanecer criança Acena um lenço para as tristezas de véspera Pés no chão e mente nas estrelas Pede apenas um tapete que voe! Alyne Costa 30/06/2012