Monday, May 09, 2011

Hora de Um Café



E uma absurda felicidade me invadira com o frio daquela manhã. Morava no cinza daquelas nuvens. No rádio que alternava notícias e canções que eu não dava muita importância porque fazia um absurdo silêncio em mim...
E enquanto o silêncio reinava eu sentia fome e tive vontade de um café que não veio porque eu tinha preguiça de me desgrudar da coberta. Queria abraçá-la assim pelo resto do dia, deixando na mente reinar fantasia.
O telefone tocou, mas quando atendi a ligação caiu e não havia como retornar porque era um número não identificado e nada importava porque eu também não me lembrava qual era a data nem que dia da semana. Não tinha mesmo nenhum compromisso.
E nem mesmo aquela preguiça e sua felicidade eu precisava identificar porque nenhuma palavra a traduziria, talvez alguma canção, um hino ou recordação de infância...
E entre tanto dormir e acordar eu acabei sonhando com maçãs do amor coloridas o que me trouxe de novo uma fome diferente de nada que existia na cozinha.
Era uma espécie de orgasmo sem macho, de parto sem filho e nem se pode chamar de felicidade clandestina porque de tão legítima eu me dava alforria.
O rádio insistia em aumentar os devaneios quando tocou o interfone e o homem do gás me lembrou que já era mesmo hora de um café.
Alyne Costa
9/05/11

6 comments:

Lara Utzig said...

Ficou uma coisa meio Caio Fernando Lispector. Taí, gostei.

Lê Fernands said...

ahhh, que delíca esse despertar independente... mesmo com fome de algo que não tem na geladeira.



lembrou-me alguns anos atrás. uns 10 mais ou menos. rsrs



bjsmeus

Lilian said...

nostalgia

Nielson Alves said...

Esse dias são tão reais em nossas vidas, o certo é que a indigência quase consegue ser a gente, eu adoro sumir em baixo dos lençóis e me tornar mendigo dos gestos menores do cansaço!

Adoro seu textos e seu escrever e tão absurdo de lindo!

beijão flor

Alicia said...

Ah, que bonito!!!
Post e blog.

cafundó said...

Obrigado, queridos... Tô com uma alergia q não sei bem a quê, por isso a demora em respondê-los... Beijocas na alma de todos!