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Showing posts from 2022

Guerras

    Habitou-me um grito aflito de sufoco desmedido Eu que já não sei quem sou Também desconheço os mares que habito Ondas sonoras ressoam o caos mundano Mutilações abismais dançaram tarde afora Algum lugar em mim roga: Leva-me embora daqui Aonde haja paz, anjo e canto de bem-te-vi Levam-me pra a casa aonde adormecem os ipês Aonde quimeras inauguram a primavera Leva-me aonde há vigílias de luzes azuis Como os vagalumes resplandecem sua tímida luz Traga-me um violeiro e um reino encantado Viola, poesia, aroma delicado Pela tarde o som do caos arrancou a minha sobra de razão Enlouquecida a minha ternura transformou-se em confusão Assim jaz a paz.   Alyne Costa, 22/09/2022

Biba Lagartixa

 Quem mora ou frequenta das bandas do Campo Grande, passando pela Vitória e Graça, com certeza já se bateu com ela por aí... Elegante, com seu corpo de manequim italiana e sua baianidade exibida em seu turbante e no seu carismático rebolado. A conheci alí na Euclides da Cunha, na esquina do Carlos Crivelli quando ainda existia a Banca Fróes, o ano exato não sei, mas foi quando a moeda de 1 real valia muito. Passei na banca pra comprar cigarro e ela estava lá armando o maior fuzuê, naquele tempo era mais arrojada, me pediu uma ajuda e alguém tentou atrapalhar lhe dando algum valor em papel ao que foi categórica; "-Não quero! Quero o dela porque o dela tem axé!" E lá se foi meu um real, depois passou um tempão sumida e rolou o boato que havia falecido (biba morreu, biba morreu!), fiquei triste pra caramba até que um dia a encontrei e ela me gritou: "-Ó não morri não, jogaram água quente no meu ouvido, mas eu tô viva!" Fiquei aliviada... E, de fato, a marca da queimadu...

O Daniel Lisboa, Véi.

 Recapitalando as histórias de buzú, tem um que merece um capítulo a parte, antes de entrar nos intermunicipais... O lendário Daniel Lisboa que conduzia a galera de Brotas pra Barra e circunvizinhanças. Quem estudava na UFBA no PAF ou Vale do Canela tinha que se valer do Daniel Lisboa que era um buzú vazio e seleto, só usado na falta de outra alternativa dada a demora e horário reduzido. Só passava de hora em hora (quando não atrasava!) e eu pegava e saltava na Vitória para ir paletando até a FADUFBA, na volta era a mesmíssima coisa. Felicidade era encontrar os colegas que estavam em outros cursos e que há tempos não via. Também era o Daniel que nos levava pro Porto. Certa feita, eu, Daniela e Rachel Ornellas resolvermos ir de tarde pro Porto. Sol a pino, pouca grana e ficamos lá na água saboreando o que só o Porto da Barra tem. Branquelérrimas, tomamos de vez todo o sol do mundo e voltamos no mesmo buzú de saída e biiquini, sem nenhuma abordagem indesejada, mesmo porque naqueles v...

Zé Bernardo

 O primeiro "maluco" que me vem a mente é Zé Bernardo. Assim mesmo, com nome composto, com direito à dignidade pelo menos no nome pelo qual era conhecido. Deveria ter uns 04 anos quando o conheci andando pelas ruas com suas roupas rasgadas, suas feridas que lembravam um São Lázaro, cobertas por tiras de tecido e uma toca de nylon amarela daquelas que se colocava verduras na feira prendendo seu cabelo ensebado. Zé Bernardo tomava banho num bueiro e pouco lhe importava o mau cheiro, ali sentava-se, rolava e lavava o cabelo. Ninguém tinha medo dele posto que inofensivo, doce e  sorridente. Só era sujismundo, tanto, que sua pele não se definia... Todos brincavam com ele, davam-lhe sobras de comida, um pouquinho de farinha, um pouquinho de arroz num saquinho, sendo mantida a distância necessária. Não sei onde morava e creio que ninguém saiba mais pois são incertezas que os invisíveis parece trazer tatuada no DNA! Se Zé Bernardo sabia ou não sabia eu também não sei... Só  sei q...

Outra vez Bandeira

 Eu ia começar hoje aquela história dos malucos beleza, mas veio a lembrança  de um poema de Bandeira. "Havia um bicho na imundície do pátio." Veio a lembrança da frase: "Só os loucos dizem a verdade" de Oscar Wilde "Um dia pretendo tentar descobrir porque é mais forte quem sabe mentir..." "Aquele bicho, meu Deus, era um homem." "Se fosse só sentir saudade..." Tá frio e eu tô afim de um dejavu. Alyne Costa

A Blitz no Buzú

 Carambolas, só quem já passou por uma blitz no buzú naqueles anos 90 sabe o que é adrenalina. Quem inventou essa história deve ter sido a maledicta (desculpa, moça) Kátia Alves porque isso foi na época do ACM, o Vô. Lá ia eu voltando do Vieira naquele Comércio R2 da Sulamérica,foi quando a Ipitanga faliu e perdeu o monopólio das linhas de Brotas, me achando a própria turista porque o azulzinho fazia uma viagem. Eu pegava quase umas 20:00h na lateral do CAV, companhia mesmo só da galera de Brotas e de Ednilson que pegava Rua Direta pra ir pro Uruguai. Ei de confessar que Ednilson (Atual Bigu) me dava uma certa segurança. O buzú tava passando perto da entrada pra Santa Cruz quando de repente, não mais que de repente, o motô parou e a polícia entrou e botou os homens pra descerem do buzú, a galera toda de costas, mão na parede, pro baculejo, quem não teve uma boa história com esse negócio foi Marcão meu amigo, mas isso já outro livro. As mademoseiles ficavam sentadas e eram delicadam...

O que mais além de um Deus?

 Quando o Meu Coração Se Tocou   Primeiro foi Mariana e Brumadinho Mas eu não me abalei porque não tinha Urânio Depois foi o frio nas ruas de Sampa Mas eu também não me abalei por ter agasalho às pampas Veio o Padre Lancellot, a Santificação de Irmã Dulce Mas eu também mandei às favas por em nada acreditar Depois surgiram os ataques e a intolerância religiosa  Mas eu também não me importei Finalmente eu  percebi que as pessoas haviam se transmutado em senhas E não havia nada que eu podia fazer, além de entregar tudo a Deus! Alyne Costa 31/05/22
O Frescão e o Litoral Norte Naqueles tempos “frescão” já era uma palavra ambígua, mas, como eu não quero arrumar confusão, vou deixar claro que estou me referindo ao buzú com ar condicionado que circulava pela Salvadorcity, lá nos fins da década de 80 e início de 90, nada contra os frescões, jovens ou não, resta claro! Matemático que o “frescão” não tinha um valor nada fresco e só passava em locais pra “inglês” ver, mas eu tinha alguns amigos de linhagem nobre, que me permitiam, vez por outra, ir dar um passeio pelo “frescão”. Podíamos ir nessa viagem classe “A” ao aeroporto, Iguatemi (o atual Shopping da Bahia), Praça da Sé ver o Elevador Lacerda. Naqueles tempos o Pelô ainda era o Pelô, o Olodum ainda não era Olodum e o Pelô, ai aiai ai, tá tudo certo na Bahia, apesar de chuva todo dia... Aí a vantagem do “Frescão” era que além de ter poltronas confortáveis, ar condicionado, passava pela orla, ainda cheia de coqueiros, não reclamávamos da viagem que durava um século justame...

A Inédita

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 Eu queria estar agora... Na Floresta Amazônica... Tomando uma coca cola... Ou talvez uma água tônica! Alyne Costa 30-05-22

Davi e os Anjos

 Era uma vez, vejam vocês, um pequenino menino chamado Davi. Davi cantava, dançava, pulava e corria. Corria daqui e pulava dali! Cantava de lá e dançava de cá! Davi era alegre em todo lugar! Três anjos muito fortes e elegantes olhavam sempre por Davi, a tristeza nunca chegava por ali. Davi conhecia a história de Maria a mãe de Jesus e cantava para que nenhum homem sentisse o peso da cruz. E lá se ia Davi a cantar: Avéa, Véa, Fé, Maria! E o mundo de Davi com seus três Anjos era só alegria. Anjo de curar dodói, Anjo de dar comidinha à criança pobrezinha e Anjo de desenhar a pintinha da Dindinha! E todo Davi é gigante não importa a religião e Davi ensinava que para aprender a grande lição, a gente tem que dar a mão, amor, calor, abrigo e proteção. Entrou na asa de São Miguel, saiu na asa de São Rafael, o Rei Davi mandou avisar que a barata não tem sete saias de filó pois é mentira da barata: Ela tem é uma só. Alyne Costa, 22/05/22

Beleza Rara

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  Olhos de mel ou turquesa? Aonde brilha a tarde o sol da meia noite? Em ti fez habitat toda beleza... E em meu peito febril mora o açoite...   Em que idioma traduz seu amor? Quantos tostões custam meus sofrer? Sua amplidão me remove a dor. Meus olhos só são olhos pra te ver.   Turca ou síria, rara é tua beleza.  Canta e baila sobre meu temor. Meu caminhar é realeza e roga amor. Feito menino sem caderneta de papel e sina. Desatino a fitar-te e meu eu quase desatina. Que meu verso não tem cor nem te alucina. Alyne Costa, 16/05/22  

Amanhecida

 Em mim moram muito mais que vendavais Sou uma cascata orvalhada dos lírios brancos que me esperavam na esquina Um patinete movido à gasolina Na trança colorida da menina que pulou a mina Sou fonte, árvore, brisa, canção Sou verbo, flor, forte, fonte Uma canção no coração do ateu Da flor: Um novo horizonte. Alyne Costa, 11/05/2022

Ponto de Partida

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  Era uma vez dois menininhos iguaizinhos, Pedrinho e Luquinhas. A única diferença estava no coraçãozinho: o de um mais molinho, o de outro mais durinho, um brincava de índio e o outro, de soldadinho. Estudavam brincando, cantando, dançando e o pião rodando. Adulto não é capaz de botar o pião no chão, oi lá vai, lá vai, lá vai, lá vai o botijão no chão. Acontece que na escola desses menininhos havia vários brinquedinhos: totó, dominó, peteca e boneca. Tanta boneca: Gigi, Gege, Jojo e Juju, Sissi, Suzy, Barbie e ela que morava numa ilha: Emília, Emília, Emília! Mas Emília, era outra estrutura: Nasceu de uma caixa de costura: Oh, como no ponto de partida a vida do adulto é dura! Acontece que na escolinha de Pedrinho e Luquinhas havia algo de cortar o coração, dois meninos legais que eram chamados de “Lerdão” e “Patetão”. Eles só tinham como amiga uma menininha fofinha e um menino menor e “Lerdão” namorava uma batatinha de cabelo igual cenourinha e muito comilona e PLOFT: ...

Aurora, a Menina que não conhecia o Zé Gotinha

 Aurora é uma linda menininha de rosto redondo feito bolachinha. A bela menininha, com olhos de gatinha, adora desenhar com todas as cores e chupar bala de todos os sabores, dos mais coloridos aos mais deliciosos sabores. A Avó de Aurora que ama muito a menininha lhe deu de presente uma ratinha de roupa pretinha e vermelhinha e Aurora achou uma gracinha. Mas a Avó de Aurora ficavz muito zangada e chateada e pensava em lhe dar uma bela palmada: Muita bala, o dente estraga! Um belo dia Aurora falou: -Eu quero colorir, mas o mundo não tem cor, eu estou meio doente. Não estão vendo gente? Levaram aurora para o Hospital onde Aurora que estava muito doente foi apresentada a um boneco sorridente, uma gracinha: O Zé Gotinha! Todos ficaram felizes para sempre pois dia após dia, Aurora era vacinada e o chefão da história quanta doçura: O Zé Gotinha, o rei do país da gente, da criança vacinada e contente. Entrou na ponta da língua, saiu no bico da seringa, o rei mandou dizer que parasse de ma...

O Circular e o Passe escolar

  O Circular e o Passe Escolar O primeiro circular de Salvador surgiu aproximadamente por volta de 1982/83, saía do Campo Grande para a Praça da Sé e vice versa, a Estação da Lapa estava em fase de acabamento, mas a Ipitanga estava lá firme e forte levando todo mundo para Brotas. Aonnnnnde que Brotas ia ficar de fora? E, foi mais ou menos nessa época que surgiu o passe escolar, vinham em cartelas e eram destacáveis o que facilitava enormemente a sua função ambígua, ou seja, não servia apenas para pagar o buzú, rolava roleto de cana, algodão doce e ameduins (torrado ou cozido). Naqueles idos era uma viagem longa sair do Garcia pro Campo Grande e pegar o circular pra saltar na Lapa e da Lapa pegar outro pra chegar lá na Cruz da Redenção. Muita fome, muito sono, muita sede, muito enjôo... E a Ipitanga estava lá com seu ônibus laranjão de letras pretas: IPITANGA. O circular era branquinho com detalhes azul e vermelho. Nessa época em que já saíamos sozinhas da escola íamos em ba...
 Os Irmãos Tralalá Era uma vez Valentim e Vincent, com 5 e 2 aninhos, de cabelos vermelhos como tomatinhos e olhos azuis como gatinhos. Valentim, já grandinho, já ia para a escola como um atleta: de bicicleta. Vincent que nasceu durante a pandemia do Covid 19, com a prova dos nove ainda não mexe, ia com um dos pais para a creche. Filhos de mãe brasileira e pai dinamarquês, uma dupla da pesada, gostavam muito, nas brincadeiras de fazer zoada como só, por isso viraram os Irmãos Trololó. Valentim gostava de batucar, pra lá e pra cá, pra cá e pra lá, mesmo que para isso pegasse uma colher e uma vasilha de tapeware. Bac Bacum Babá, lá estava ele a batucar. Vincent que gostava do irmão imitar, não conseguindo fazer batucada, preferiu assoprar. Fitfiufiu, quando vou conhecer o Brasil? E tudo virava apito, até o lego, se acredito! Se achava uma caneta, muito cuidado, virava corneta! Uma bela manhã de outono, ainda cheio de sono, ao sair de seu prédio, pois ir pra escola não havia remédio, ...

A Casa da Velhinha Neném

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  Era uma vez uma velhinha muito limpinha, boazinha e alegrinha. Talvez por ser bem miudinha era chamada por todos de Neném. Dois menininhos Zezinho e Lucinha foram molhar na casa da velhinha que era sua avozinha. A Vovó deu para cada um uma canequinha para bem cedinho irem até o curral tomar leite da vaquinha. A casa da Avozinha era uma gracinha, limpa, com luz de fifó e muitas frutas, galinhas, água de pote, moringa e melaço de cana para todos os netos, bisnetos e sobrinhos se lambuzarem o ano todinho. Havia um lampião e um grande rádio de pilha, que toda cheirosa e bem vestida, a velhinha ouvia  a missa de Aparecida. E fechava seus miúdos olhinhos, os lábios dava um sorrisinho e a velhinha pedia por cada menininho. Um dia assim, meio desses tristinhos, tiraram da avozinha os menininhos. Mas para que as flores e as gargalhadas nascessem todos os dias no varandal e no quintal da velhinha, sempre com seu sorrisinho, Papai do Céu lhe abençoou com cada netinho! E seus netinhos n...

Luisinho e Laura

 Era uma vez Luizinho que não era irmão nem do Zezinho, nem do Huguinho e sim de Laura, uma menina que gostava muito de se intrometer nas brincadeiras do irmão, até soltar bolas de sabão. Luizinho tinha quatro anos e se achava já um homenzinho, amoroso e cuidadoso, estava sempre atento às peripécias da irmãzinha. Em sua cidade foi inaugurado um parque de Dinossauros, no mesmo dia, Luizinho exigiu de seus pais que deveriam fazer um passeio para ver se encontrava algum Dinossauro chamado Lineu porque era assim que sua irmã nomeara seu dino da Silva Sauro de brinquedo. Num ensolarado dia de domingo pela tarde, os pais das crianças resolveram satisfazer o sonho do menino que usou sua fantasia de homem aranha para a mais nova façanha. Laura quis ir vestida de bailarina, parecia uma boneca malina. Quando chegaram no parque havia um muiiiiito grande que chamava atenção por ter olhos vermelhos, braços bem menores que as pernas e bocão aberto. A menina pediu ao pai que a pegasse no colo par...

Luna no País dos Coelhos

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 Era uma vez uma menina chamada Luna, de olhos bem arregalados e vestidos com babados. Laço de fita na cabeça e que adorava coelhinhos pretinhos com manchas brancas, olhinhos vermelhos e cocô de bolinhas. Um belo dia, seu irmão, Ravi, que sonhava com todas as bandeiras coloridas do mundo e até em planetas de outros mundos, lhe fez um convite: - Vamos viajar? A páscoa está chegando já já. Vamos ver os coelhinhos e ganhar ovinhos! Luna, entusiasmada, respondeu com um laço vermelho e branco na cabeça: - É uma daquelas viagens internacionais? Ao que entãoo já tristonho menino disse: - Nada disso, é tempo de ficar em casa, vamos viajar de fato, através deste buraco preto, vermelho e branco, descalços para toda fofura do mundo entrar pela sola dos pés, com cheiro de algodão doce e picolé de menduins. A menina entrou no buraco, mas não acabou o pato, desnhou um sorriso de chocolate na boca do Ravi que nunca mais parou de sorrir. Entrou no bico do pinto e saiu no bico do pato, o rei pediu ...

Presente de Grego

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  Presente de Grego “...De manhã nossas roupas espalhadas no chão Todo mundo foge é da solidão” Guilherme Arantes A madame tentava dobrar a esquina com sua sina De cada lado uma menina Estragou a arte de Van Gogh num porta retrato Comprado numa loja de R$1,99 É pro moção É pra mocinha Atrevidinha Pra Inglês ver. Porque o velho John continua mexendo com a gente sim. Pay Atention Alyne Costa 10/04/2022

Res Nullus

 As coisa, todas elas Brancas, pretas Feias, belas Todas elas São de ninguém Agora e sempre Terra do Sem Fim Amém. Alyne Costa, 10/04/2022

Luto da Mulher que Luta

  Luto da Mulher que Luta   “E a solidão dos bares que a gente frequenta... Quando eu não estiver por perto canta aquela música que a gente ria...” Oswaldo Montenegro “Está certo dizer que estrelas estão no olhar de alguém que o amor elegeu para amar.” Jesus de fato é a alegria que mora no coração dos homens e esses homens exprimem esse amor em vários idiomas e caminhadas com pés descalços que nunca se cansam de amar. Incansáveis orações em formas de canções. Esse amor passeia pelos destinos de pessoas com diferentes desatinos ao badalar dos sinos. Tentam compreender, dimensionar, presos na mais sutil incapacidade de amar. Cantam apenas contradições travessas como em tristes jogos de guerra. Tocam apenas, em segredo, armas de brinquedo. A histeria é seu pedigree. Já o Jesus que faz o homem sorri, apenas pousa por aí... No canto dos passarinhos, livres e sozinhos. Nas asas das borboletas azuis, vermelhas e pretas. Mas cantam. Porque o silêncio há m...

Sorte ou Revés

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    Não há mais pra onde enlouquecer Não há mais noite ou dia Sem lua e estrela não há magia Nem telepatia Não há roupa no armário da sua cor Pensando há Sonhando há Minha ternura mora na minha timidez Num barco de insensatez Sem armadura, eu sou candura Pura ternura Já não sou mais triste E habita em mim toda pureza que existe E insiste e persiste e resiste Sonhar um sonho bom sem preço E mesmo que meu time perca, caia, suba ou vença Não há de haver desavença Será que ele jogou Scotland Yard ou Banco Imobiliário Nem acredito em morte... Não há revés, é sorte.   Alyne Costa, 19/02/2022  

Pipoca no Jantar

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  Nem precisa chinelo Eu gosto mesmo é de ficar descalça De navegar Gosto de mar e de lua cheia De ver sereia na areia De macaco, elefante e de turbante E tá, taratatá tá tudo bem Muito zem Com ou sem? Pimenta na moqueca, neném. Maniçoba, faz é bem. Quero ser feliz também. Quiabada, então, demais... E dai? Se eu tô sem calcinha? Daí ver o envelope? CEP? Mudado. Endereço? Retificado. Calor? Muriçoca? 3ª Guerrra? Me erra? Carnaval na pandemia: Assimetria. A gente inventa e bebe até uma coca: De pirar? Saulo e Pipoca.  Alyne Costa, 18/02/22 Alyne Roberta Neves Costa, 18/02/22

Miau, Miau, Miau, Cocorocó

  Acredito que toda uma geração foi marcada pelo vinil. O vinil tinha sua magia que nem o melhor rádio do mundo sonharia em substituir. Quem usou vinil sabia da sua delicadeza, era como um prêmio adquirir um vinil do artista predileto. E o cuidado necessário e, quase ritualístico com a sua manutenção? Solução, esponja para retirar o pó, plástico para proteger, antes de guardar na capa de papelão com um desenho psicodélico ou uma fotografia do pop star na capa. Não podem ser esquecidos os compactors. Pequenos discos com apenas uma ou duas faixas de música, geralmente um hit. Historinhas infantis povoavam meu imaginário. O primeiro vinil que ouvi foi numas rápidas férias em Caetité com Tio Paulo e Tia Valdirene, quando os dois moravam numa casinha em frente à casa de Tião Costa, na Rua Saldanha. Eu voltava das minhas primeiras férias depois de ter vindo estudar em Salvador, estava com 06 anos. Lembro que fiquei horas impactada com a capa do disco, os quatro animais: a gata,...

Para gostar de ler

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 Enquanto o pequeno infante, repousa no jardim de Odin eu viajo para tempos distantes. Procuro saber de onde veio essa paixão por ouvir e contar histórias. Talvez das histórias que me contavam quando eu ia dormir. Sejam elas do rico imaginário popular ou das de Pedro Malasarte, dos irmãos Grimm, do Rouxinol que meu pai contava com seu entusiasmo peculiar. Depois vieram os disquinhos, os livros, Pequerrucha e A galinha Quiquita que contava a história de uma galinha que tudo se esquecia e quando a mãe lhe perguntava aonde estava as coisas ela respondia: -Ah, mãe, eu me esqueci! Isso bastou pra minha mãezinha me botar a alcunha de Quiquita, toda vez que eu me esquecia alguma coisa. Depois veio a fase biblioteca, livros folclóricos com lendas indígenas, africanas, depois a fase da Coleção Para Gostar de Ler e Vagalume, Christiane F, Agatha Christie, Sidney Sheldon e as primeiras viagens poéticas: Cecília Meirelles em Ou isto ou Aquilo. Livros, livros, livros e mais livros. Jornai...

A Ilha

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   Estamos cercados. Vírus, armas, cavalos alados. Somos todos ilhas... Cercados de sonhos por todos os lados. Somos o P de Peter Pan o P de poesia. Somos uma frangância leve de lavanda... Um soninho em Luanda. Ai, solidão, em plena diáspora das crianças que caminham, caminham, caminham... Ai, meu Deus, quanto horror há no temor. Eu quero um banho de cachoeira. A valsa com um beija-flor. Queria um retrovisor. Ouvir Novos Baianos. Ler um baralho, cigano, se não me engano. Quero aprender a ser, sem temer as angústias obscenas da minha face secreta. Quero amor sem indireta, sem metáfora, sem meta, sem a palavra certa. Quero amor de improviso. Num riso. Alyne Costa, 09/02/2022 (ao som de Sonífera Ilha, Titãs)